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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Pai...

Pai...
Não é fácil, não é. Me teve pela primeira vez em seus abraços depois da minha mãe, e isso faz dele um herói. Vi pela primeira vez a luz, senti um quente e beijos na minha cabeça, tentei abrir os olhos para quem me dava aquele carinho. Quando vi, era um homem me recebendo com um puta sorrisão na cara. Nunca me esqueci, apesar de não poder descrever em palavras essa lembrança, sonho com ela todos os dias, sim, é um sonho.
Eu pouco tinha espaço para respirar, não conseguia explorar aquelas coisas que eu não fazia a mínima idéia para que serviam e porque estavam ali. O cara me enchia de atenção,carinho e muito amor, eu não tinha espaço, GRRR !
Mas depois de mais experiente, eu já tava ligeiro. Quando eu via ele se aproximando eu já corria pedindo abraço, sabia como animar o cara. Ele se enchia de orgulho quando eu conseguia fazer uns negócios doidos com o controle da tela da Televisão, abria o sorrisão na cara quando eu pulava do sofá, caía, e me levantava com cara de "ops". Cresci mais um pouco, entrei num ambiente totalmente diferente, tinha outros pequenos iguais à mim, chamava aquela parada de "escola". Fiz novas amizades e me identifiquei com outros pequenos, tinha uns caras daora na escola.
Meu pai ia todos os dias me buscar quando eu ia embora da tal escola. Saía do carro e ficava me procurando, eu vinha do meio de todo o "mucuvuco" e corria direto para os braços dele. A primeira vez que eu fui e voltei da escola, senti uma puta falta do meu pai, quando ele me pego no colo desejei nunca mais sair dali e realmente, nunca mais saí.

Cresci mais ainda, hoje já sei escrever ler e fazer várias outras paradas, tô namorando e eu fico meio destinto do meu pai, quando me chama pra sair eu já tenho os meus assuntos com os amigos e não dou muita atenção pra ele. O cara foi excluído da minha vida. Chama isso de adolescência.

Esse período durou um tempão, e quando me dei conta eu nem tinha mais um pai, era só um cara que pagava a minha comida. Quando vi ele chorando pela primeira vez por minha causa, eu desmoronei, fiquei sem palavras e sem ação. Puta que pariu, fiz ele chorar, e agora?

Foi simples, não bastou um abraço, um beijo no rosto e um simples dizer: "Eu te amo,pai". O cara abriu o sorrisão de novo e me abraçou. Aí sim, tive a única certeza da minha VIDA.
A única certeza mesmo, é o meu pai.

Eu não via, mas o cara cuidava de mim até sem falar comigo. Pagava escola, me dava grana para sair no final de semana com os parceiros e tudo mais, ele era o que eu queria ser.. um puta pai foda.

Cresci mais ainda, casei e tive filhos. Enchi o coroa de orgulhos, dei pra ele netos uma fase linda da "velhice" que era cuidar dos filhos do teu filho. Todo os dias o velho ligava para mim para perguntar sobre mim e minha nova família, minha vida e etc.
Cuidou de mim até o seu último segundo no telefone, até por longe o cara sabia me agradar com palavras.

Passou um tempo e me bateu na mente: "Agora que sou pai posso dar aquele sorrisão lindo, abraçar e buscar os guris na escola, vai ser foda".
Mas eu percebi que não era só o "bem-bom" de mandar e desmandar nos filhotes. Precisava de muita atenção minha, puta que pariu, as vezes irritava. Mas eu conseguia, me refletia no meu velho, claro.

Mais uma cotinha e eu também estava ficando velho, e o meu velho ainda lá, mais velho que eu. HAUHAU !
Não durou muito, minha vida enteirinha foi refletida na imagem do cara, sorrisos, abraços, atenção, afeto, carinho, e por fim, amor. Cuidei dos meus guris do jeitinho que o cara cuidava de mim, com toda aquela dedicação. Cara, eles cresceram e foi a mesma coisa. Me excluíram da vida deles. Eu sabia que era um fase, passei por ela, logo esses cocôzinhos inexperientes vão correr atrás de mim, questão de tempo.
Mas eu não pude esperar tempo o suficiente, o meu velho morreu. Caralho!
Que dor, nunca senti um vazio tão enorme nesse meu coração que agora, não passa de um teco de carne flácido.
Não consegui olhar pro cara que cuidou de mim a vida enteira, até depois de adulto. Me pegava vendo umas revistinhas pornô, me dava a grana para sair e encher a cara por aí. Puta, o cara tá morto, nunca mais vou sentir aquele beijo e o abraço dele, tô muito na desistência.

Moral da minha vida?

Sempre fui próximo do meu pai, e pude dar o gostinho a ele de conhecer os netos e ver eles grandões, de me ver buscando na escola do jeito que o cara fazia comigo. Fiz da forma que ele me ensinou, foi fácil até. Mas senti uma dor enorme quando ele foi embora. Lembrei de cada coisa foda que o velho fez por mim, cada sacríficio, cada lágrima que o cara derramou, agora já era! Meu pai tá morto, e junto com ele foi embora a minha certeza,sim. Ele era a minha única certeza, meu herói, minha razão, além de tudo na porra da minha vida...Ele é o meu pai. Que me abraçou e me deu beijinhos, que deixou de dormir para me dar carinho no berço, que me buscou na escola com todo o orgulho, que comprou as minhas roupinhas e material escolar, que pagou a minha escola..
Cacete, além de meu pai, ele foi O CARA!


..Para todos que vivenciaram distantes ou próximos aos seus pais, fiz esse post em homenagem a todos os heróis, nossos pais. Para quem o tem ao seu lado até hoje, peço.. Dê um abraço e diga que o ama, isso pode acabar logo. Mas para os que já não o tem ao lado, é simples..
Apenas tenta imaginar como foi o primeiro abraço que o teu pai te deu.. Não conseguiu, né? Isso é porque ele te abraçou e declarou o amor dele por você, antes mesmo de você nascer, cara !

Cuida dele, enquanto físico, porque no espírito o toque vai embora, e só fica o sentimento.
Em homenagem aos pais.

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