Para ser sincero comecei um pensamento com intenção de mostrar além de apenas visões, cenas, lugares, sentimentos... imaginações. Vim dizer o que eu sinto, neste momento, sem disfarce ou maquiagem.
Com sorte... eu entendo alguma coisa...
"Procuro dentro do meu subconsciente algo capaz de me descrever, palavras ou memórias, lembranças intensas o suficiente para que me levem do sintético ao imaginável em questão de vontade. O sono me convida. A noite fazia-se quente e meus olhos lacrimejavam enquanto batalhava contra a moleza do cansaço.
Gostaria de mergulhar num escuro sem fim onde eu encontre apenas o silêncio solitário para poder entender minhas dores e angústias, meus arrependimentos. Ao mesmo tempo uma sala branca onde sou um prisioneiro nu sem sentidos além do visual e psicológico me parece um paraíso. O branco preenche o vazio com delicadeza e sutileza, pode descrever o mais minucioso dos sentimentos enquanto for existente.
Mas eu sou um livro escrito numa língua desconhecida e que ninguém tem interesse em descobrir.
Sou alguém que escreve os próprios pensamentos em forma de metáforas e cartas enviadas à si mesmo através do tempo, para traduzir-se, como Efeito Borboleta. Isto é real.
Sou alguém como todos os que vieram a este mundo, possuo um mundo íntimo-particular no meu interior que só eu conheço e tenho acesso. Posso imaginar o meu mundo, minhas regras, minhas verdades e minhas realidades. Tudo o que sou capaz de imaginar é real.
A realidade que envolve outras pessoas pode ser nomeada como Sonho, são poucos os capazes de interpretá-los em tempo real.
Sonhe comigo. Pense em mim.
Porque agora é noite, tem estrelas no céu, faz uma Lua espetacular, gostaria de apreciá-la ao seu lado ou de poder apontá-la aos seus olhos. O vento refresca quem está suado de uma segunda-feira. A noite cai para quem está a mercê do sono, o relógio me fala que o 'agora' tem hora, e que 'hoje' tem nome... mas minhas palavras dizem que sou capaz de ler seus pensamentos sem ao menos olhá-la nos olhos, ou estabelecer algum tipo de contato.
Eu te amo. É este o contato que possuo. E através deste venho contar esta história...
...saí apressado do prédio e ouvi o céu relampejar, ia chover em breve bastante água e era melhor que eu estivesse já em casa quando isso fosse acontecer. Estava carregando de baixo do braço direito o jornal daquela manhã, havia lido duas ou três colunas sobre notícias econômicas e políticas da atualidade e o reservei para outr'ora.
Assim que coloquei os pés na rua vi um clarão iluminar por um breve instante o céu, observei o cinza que cobria a cidade por alguns segundos e logo veio seu som... o som de um relâmpago.
Fechei meu casaco e olhei para os lados antes de atravessar a rua, foi quando a vi parada me observando do outro lado da esquina do cruzamento. Nossos olhares se encontraram e fixaram-se durante alguns segundos, suficientes para me encorajar a ir até ela. Dei os passos mais pensativos da minha vida em muito tempo, até que finalmente a alcancei.
Parei a sua frente e permaneci em silêncio, apenas estabelecia a conexão que nossos olhares já possuíam há anos, enxerguei aquele castanho que me provocou saudade, vontade de sorrir.
- Olá... _disse abrindo um sorriso que fora inevitável. - Não esperava encontrá-la, assim...
Relâmpago e, logo a seguir, seu som estremecendo todo o céus.
- É, fazia tempo que não pensava em você... _desviou o olhar preocupada em encontrar no meu o que eu acabara de enxergar no dela.
A procurei no olhar e trouxe novamente para mim aqueles castanhos que me olhavam fixamente depois de tantos anos...
- Como vai? Gostaria de poder conversar um dia inteiro com você... _especulei, ingenuamente.
- Estou bem. _me olhou receosa, foi quando enxerguei novamente a mesma barreira da última vez que nos falamos. Algo que me impedia de avançar em sua direção.
Nos olhamos por mais alguns segundos, olhei para seus lábios e assinei com ingratidão minha solidão.
Depois daquele encontro me perguntei incontáveis vezes se voltei a visitar seus pensamentos, se por algum descuido pude provocar naqueles lábios outro sorriso sincero, ou se por sorte trouxe um brilho antigo àquele olhar castanho de quem já me observou com ternura, amor...
Envelheci e enterrei-me no leito de morte sem nunca alcançar o direito de ao menos merecer seu perdão pelos meus erros de menino. Desde aquela senhorita não pude amar novamente, então morri...
Dormi para sempre num sono anormal.
Foi num dia dezenove que acordei dormindo querendo o que tens,
mas, com tudo nas mãos, eu não aproveitei
Agora sou triste
...sou triste de vez.
Sallut
19.02.2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário