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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Levantar Voo.

"...todas as manhãs acordava pensando no brilho do Sol que esquentava minha pele enquanto alongava meus músculos para viver outro dia. Todos os dias andava para lá e para cá pensativo nas decisões que faria para mudar o mundo. Tenho sonhado com a liberdade do meu espírito. Minhas lágrimas a noite não mentem que anseio ser livre. Cada sonho que tenho e me esqueço me revela os segredos que preciso para ser livre. Mas todas as manhãs acordo pensando em como libertar meu espírito e nunca consigo provocar a mudança que tanto procuro.
Penso que outros espíritos já deveriam ter passado pelo mesmo que eu, estes pensamentos duvidosos que ardem como chamas de um chamado inferno. Mas estou congelado. Ando congelado para dentro de mim mesmo assim como as nuvens estão docilmente congeladas, flutuando, pelo céu. Brancas e leves. Como plumas. Mas congeladas, não é?
Mas chegou um dia que alcancei um penhasco e quando me vi no topo enxerguei o mundo como ele era. O mundo é azul. Apesar do céu estar sujo e mentes maldosas estarem soltas por aí, o mundo é azul. Azul como a água. Azul como a triste poesia que relata o fim de um amor. Azul como o gelo.
Vi os homens todos perdidos preocupados e distraídos com seus pensamentos vazios. Suas ambições sem cabimento e motivações sem argumento. Não queria me sentir mais e nem olhar tudo como superior. Mas era o que era. E o mundo é Azul.
Senti vontade de me jogar daquele penhasco, foi a primeira coisa que pensei. Coloquei meus pés até o limite e olhei bem para o fundo, vi que estava além das nuvens e que minha queda seria rápida e densa. Abri bem minhas asas e certifiquei-me de que podia voar. Eu podia voar.
Senti os ventos soprarem e me convidarem ao pulo, mas não pulei. Sorri.
Eles passaram entre minhas penas e preencheram meu pulmão. Passaram entre os dentes que constituíam meu sorrir e me tocaram por dentro. Ali naquele instante. Eu estava livre.
Eu não pulei apesar de querer muito ter pulado.
Fiquei parado. Observando o mundo de cima. Em silêncio.
Lembrei do meu amor e do sorriso dela. Do seu cheiro.
Lembrei de amigos e do que sentia por eles. Senti saudade.
Toquei minhas dores com o dedo indicador e acariciei todos os meus pesadelos com carinho,
tratei-os com atenção e paciência. Tentei ser um verdadeiro pássaro.
A areia queria escorregar meus passos abismo à baixo,
tentava me manter parado enquanto os ventos me empurravam vagarosamente para frente
tentando me forçar o voo.
E no meio de tudo isso havia o meu sorrir. Encantando com o mundo por ser tão simples
como uma poesia rimava
entre os ventos que sopravam
o sorriso que eu esboçava
e a vontade louca de sair voando por aí. Livre.
O mundo rimava como uma poesia. Desse jeito.
E eu fazia parte destes versos.
Então eu gritei. Nossa. Como eu gritei.
Disse: Tudo bem.
Eu me entrego à você!
Então eu pulei..."




Sallut
02.10.2013

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