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sábado, 12 de outubro de 2013

Uma duna de poucas palavras.

Talvez tivesse chegado lá voando
ou caminhando por anos e anos
talvez tenha caminhado tempo o suficiente para morrer
e ser soterrado pela areia com o passar do tempo.
Não sei como aconteceu. Mas cá estou.
Abro os olhos e vejo o céu. Não haviam estrelas,
só o céu e suas nuvens flutuando, calmas, como todas as vezes que me lembro.

Tenho areia na boca. Minha visão está embaçada.
Meus dois braços formigam e minhas pernas estão dormentes,
estou todo sujo e sinto meu corpo imundo. Isto é ruim.
Olhei de novo pro céu. Lá estava ele.
E como o grunhido de uma porta senti-me a mercê de vários pensamentos
como se flutuasse num céu cheio deles
esbarrasse e colidisse despreocupadamente entre um e outro
tentando encontrar algo encantador.

Não encontrei nenhuma mágica, nenhuma poesia
abri a porta e, além do ruído, me saiu isto.
E quando vi de cima parecia que chovia
naquele céu sem estrelas, sem Lua.
Aquele céu
era só céu.
E isso era tudo.

Podia ter me encantado com as dunas
porque foram elas que me trouxeram até aqui
Mas lotaram-me a boca de areia
e fiquei apenas com o observar daquele céu.
Atônito e, apesar da boca cheia, sem palavras.





Sallut
12.10.2013

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