...toquei sua mão e olhei no fundo dos teus olhos, eu estava chorando. Desesperado e tomado por arrependimentos eu não contive as lágrimas que saíam sem me perdoar, sem me dizer o porquê. Um velho cheio de arrependimentos foi o que eu acabei por me tornar, cheio de mágoas, angústias, cheio de lembranças...
- Você não pode voltar, não sem mim! Você me prometeu que ficaria aqui ,comigo, para sempre!
- Mas eu não posso! Tente me entender...
- Não! Você prometeu
Seus olhos eram os mesmos, lindos e profundos e ela chorava clamando por minha presença, pelo meu amor que pra sempre duraria. Eu não tive palavras e por um segundo pensei em ficar lá, junto dela, junto do meu amor que sempre será caloroso.
- Você morreu. Se deixou alimentar por uma ideia vazia que não fazia sentido e foi eu que provoquei a sua morte, foi eu quem implantou essa ideia na sua mente, me desculpe, me desculpe.
- ...mas você prometeu
- Eu sei, mas você é só uma lembrança que eu criei do meu amor, do meu verdadeiro amor. Você é só uma sombra da mulher que criou isso tudo comigo, você dizendo essas palavras não chega nem aos pés da mulher que significa a minha vida, tudo pra mim.
- Não me deixe
- Nunca vou deixá-la..nunca! Você está morta, você é só uma lembrança boa do que eu gostaria de ter mas não posso. Nossa, a saudade que sinto de você é insuportável e eu não consigo continuar nem mais um segundo mas, o que eu posso faze?
- Fique comigo!
- Não posso! Só me resta te esquecer... para sempre.
Um poema triste talvez, mas não me contentaria em deixar marcado a minha história, o meu passado, o meu amor por ela que até hoje sinto. Não deixaria que não fosse notado que hoje estou velho e arrependido, eu deveria ter ficado lá ao escolher a realidade, sonhar com ela é muito mais belo e maravilhoso do que qualquer realidade que eu posso encontrar.
Ao invés de estar internado no calor e no carinho de teus braços estou aqui, sentado, esperando a morte. Mas quando ela chegar eu vou desejar que seja breve pois só vou desejar uma coisa.
Permita-me morrer como vivi... de lembranças.
Sallut
22.11.2010