Sentimos de forma tão plena os nossos sentimentos, mas quando tentamos descrevê-los nosso subconsciente trava como um ímpeto momento de impossibilidade. Você quer esticar as pernas e os braços, estralar o pescoço e sentir seu espírito bem à flor da vitalidade. Mas não consegue dizer isso.
Então, por que as palavras?
Talvez para nos enganar, iludir, nos prender em labirintos como notas musicais, que conduzem, que te guiam a algum canteiro lindo e vistoso com uma bela Senhorita a te acompanhar, mas que nada ultrapassa as paredes da sua imaginação.
Na verdade, esta Senhorita esteve vislumbrando todo o canteiro e já se enjoou dele. Este é um fato.
Existe algo belo e novo mais ao norte, talvez deveria ver com meus próprios olhos.
Colisões. O que tiramos delas?
Reflexos. O que fazemos deles?
Olhe só, veja meu livro, Ághata talvez me diga algo sobre isso. Ou talvez o Blues me diga, melancolicamente, o quão metódico me tornei ao me deparar com uma moça tão... inquietante.
Onde estão meus pensamentos? Por que?
Eu os lancei para ela sem nenhuma confiança, mergulhei no primeiro lago que vi que merecia um mergulho. Mas, sabe, não me sinto arrependido. Principalmente agora. Sei que a dor que sinto me faz inspirar sentimentos que eu vou tentar explicar, ou histórias que vão me fazer pensar. Talvez um livro que te faça sentar e ler um dia.
Talvez as palavras sejam para mim somente o que são para todos, mas com um todo vazio. O que elas dizem, afinal?
Eu sinto tanto e digo tão pouco. As linhas que se preenchem não cabem dentro de mim pois não me servem. Linhas? Onde estão? Vivo em épocas que digito, por quê?
Me preocupo com palavras. As palavras vão guiando o sentido da coisa por um motivo transparente. Elas dizem nas suas vírgulas mais minuciosas que talvez eu esteja errado. Isto está comigo. É um fato.
Mas, vendo por outro lado...
Gosto mesmo de sentir. Veja só. Não parece espontâneo?
Não parece transparente como a água que cai de um cachoeira?
Posso imaginar o céu azul e poucas nuvens branquidas postas a planar, docilmente.
Mas, se for tão claro, não se enxerga. Ou mal se interpreta. Qual deles?
Quero te dizer cantando e dançando, pela cidade triste que existe, que há motivos de sorrir
Basta ver por cada janela ou cada esquina, alguém tenta outro dia a vida, é assim. Não é?
Talvez aquela Lua espetacular que me acompanha desde os meus 10 anos seja vazia, tanto quanto eu sou.
Mas, discordo. Eu. Vazio?
Um monte de palavras sacudidas e aplaudidas em vão, para você e para mim. Como num brinde.
Não servíamos para esta peça e o romance não foi seu sonho.
O menino não foi o seu sonho, Óh...
O que ela diria se conhecesse primeiro um poeta? Será que ficaria?
Quantas páginas cabem no romance de um poeta?
Quantos poetas sobrevivem em seus romances?
Ah...
risos, deixa pra lá. O que houve? Entristeceu?
Parece que sua pele ficou pálida e seu olhar distante. No que pensa?
Te via tão ardente como o Sol num belo sábado
mas minha escuridão ofuscou o seu dia. Você não esperava.
Os choques são um todo bastante interessantes.
Deveríamos pensar mais a respeito, talvez cheguemos a algum lugar esta noite.
Você queria por todos os seus pensamentos aqui para saber no que estaria pensando,
ou no que estaria se inspirando. Nem você sabe. Não faz sentido saber. Basta pensar.
Basta dizer. Basta escrever. Basta sentir. Basta saber. Basta pensar.
Basta saber.
Que vale a pena, não é? E a fé, onde está? Pois é.
Vale, sim. Eu sempre direi.
É o amor. Meu caro. Durmo feliz por degustá-lo,
durmo satisfeito por senti-lo na minha pele e no meus espírito
Posso sentir esta inspiração que faz os meus dedos saltitarem como escrivaninhas automáticas pelas teclas do meu acessório. Em algum lugar do mundo ela está conversando e pensando em alguém, não sei do seu coração. Ela diz que eu o toquei mas desconfio, esta moça já aprendera a mentir.
Sei que o mundo está confuso e que as pessoas boas precisam de atenção, eu mesmo sei que não me encaixo no perfil de qualquer cidadão que mereça atenção. Pode ser que seja uma árdua pesquisa e exploração me conhecer, talvez você não queira.
Talvez você não tenha tempo.
Tempo.
Sempre cheguemos nesta questão. Mas por quê? É ele o grande ilusionista.
Sabemos que nos conhecemos e tivemos nossos episódios e momentos. Criamos e desenvolvemos sentimentos distintos um pelo outro e acabamos com... o tempo. Ele não se esgotou mas meu coração me diz que é o tempo. É o tempo.
É como olhar-se no espelho sabendo que em breve ele irá rachar, e junto ao vidro, seu rosto. Apreciar o próprio rosto durante os seus últimos instantes por mais breves ou longos que sejam. Os últimos.
Mas, você sabe, lá no fundo, que não são os últimos momentos.
Você sabe que em algum tempo que ainda está para ser guardado no que vai vim, está nós dois. Como eu te disse, nos olhando nos olhos e lembrando de tudo o que aconteceu entre nós. De um jeito agradável imagino ver seu sorriso e me lembrar do quão doce é seu beijo.
Ou quão doce é sentir saudades suas. Do seu cheiro.
Você não notou as minúcias de um Poeta, ele não exclama suas verdades. Talvez você não queira e não possa. Seu coração já parece ter um dono. Eu vejo.
Mas, eita, que coisa. Veja só. Veja só.
Risos ensurdecedores e silenciosos
Veja quantas palavras. O que eu disse, afinal?
Facilitarei sua busca. Nada.
Eu não disse nada.
Porque as palavras são inúteis para traduzir o que eu sinto.
Se não é o medo é o anseio, o receio. Ou a saudade? É o desejo. Ou me atrevo ao amor?
Eu não sei. Não quero pensar, mas dói. Porque não consigo evitar.
Vamos silenciar
vamos lembrar o que aconteceu
Ponha um pijama leve e deite-se numa noite de verão
Abra as janelas e permita o ar entrar, sinta-se a vontade
Vamos silenciar
Vamos lembrar o que aconteceu.
Parece tão bom.
Mas não sei.
Não sei o que foi ou o que é melhor
Ter vivido o seu sorriso
ou sentir a doce vibração que é sua saudade.
Óh, amor...
Não ouça mais as palavras, silencie-as
Elas traem, Mentem, Prometem
As palavras declaram-se
e quase nunca sabem o que dizem.
As palavras são cruas e cruéis, como facas muito bem afiadas
Usadas disponivelmente por qualquer um que aprender a utilizá-las. Quem não?
O tempo passa, moça, ainda estou aqui. No que será que penso, afinal?
Será que é nos seus lábios, ou será na sua pinta?
Sinto que, agora, este é exclusivamente seu.
Por quê? Veja.
São só palavras
que não me servem, não me dizem.
Sallut
24.08.2013