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terça-feira, 30 de setembro de 2014

Pergunte a sua Mãe.

Estava vindo de longe.
E quando cheguei foi como a nota mais alta que o Saxofone grave podia alcançar.
Algo grave, agudo e suave. Tudo ao mesmo tempo agora.

Eu tirei minhas velhas roupas do guarda-roupa
estou caminhando com minha bota nova e estou indo à praia.
Talvez dê um mergulho para salgar com água do mar a poeira da minha antiga jaqueta de couro.
Preciso fazer uma corrida e fazer meu pulmão de fumante respirar.

Passei tanto tempo tocando a mesma dolorosa canção.
Hoje tenho um novo instrumento que me permite mostrar ao mundo o Show
que pode ser a melodia que emana as vibrações da minha alma.

Sou um cara simples
que precisa de uma boa sorte
para encontrar por aí uma garota que seja minha inspiração.
Vou correr pela praia, talvez esbarre na estrela que me fará ter uma Nova.
Sei que pode ser perigoso correr pelo amor desta forma, numa praia
mas alguém precisa correr em direção ao amor para encontrá-lo. De forma acidental.
Então, corra comigo, querida.

Depois da nota mais alta vem teclas suaves de piano. E outros sete instrumentos que trancam harmonia sem grandes dificuldades.
É como nadar de costas numa piscina de madrugada, no silêncio.
Você sente a água escorregar pelas curvas do teu corpo e o som tranquilo tilintar o silêncio como trovão.
Dá até pra convencer-se de que nadar de costas é mais fácil que correr ao amor.

As vezes me convenço de que não devia correr ou nadar de costa.
Chego momentos em que me pergunto:
O que foi que eu fiz? O que eu farei...
Queria poder tentar de novo, voltar do início.
Saudade de minha mãe e de como se preocupava.
Estou num caminho em que
ou corro ou nado.

é quando seu coração te pergunta
por que está fazendo isto?
e você simplesmente não consegue responder. Apenas pega sua flauta
e assopra notas pro silêncio que não se cala nunca.

Enquanto procuras algo que te preencha o vago espaço do estômago vazio
tente me dizer por que. Por quê gostaria de voltar do início?
Eu não sei.
Eu tenho o flo na minha corrente sanguínea e irei levá-lo até o ápice da sua mente.
Quando chegarmos lá apenas me beije e não diga que não pode. Não diga que tem compromissos.

Farei uma música para você caminhando por aí.
Algo que diga o quanto me senti mal por tê-la deixado sozinha.
É caminhando, querida, de pés no chão, que sinto o que deixei para trás...

Eu me pergunto: Por que?
Apenas uma pergunta... por que...
Queria poder voltar do início sem ter um porque.
Submergir da Terra de pés descalços com o corpo deitado de peito para cima.

Posso parecer maluco
mas queria pegar na sua mão mais uma vez para sentir aquela mesma energia...
e eu me pergunto por que..
Simplesmente não sei.
Talvez minha mãe me diga quando eu a encontrá-la de novo.

E eu vou correr até encontrar o som perfeito que preencha meu interior
Vou nadar até o fim do oceano atlântico para ter ar o suficiente
e assoprar as notas necessárias
que sejam capazes de me dizer o que irá preencher o vazio que eu mesmo causei
com os passos que dei chegando até aqui.
Aqui me pergunto: Por que?
...como cheguei aqui...




Sallut
30.09.2014 

Uma parte caída.

Eu mal consigo explicar
como sinto meu coração neste momento.
É como se ele estivesse sofrendo uma pequena epifania.

Tenho momentos na vida,
horas que fico olhando pro meu próprio rosto,
tentando descobrir como vim parar neste lugar.
Um lugar tão estranho e ao mesmo tempo tão cheio de mim mesmo.

Você gostaria de ter chegado até aqui comigo
abraça as próprias lágrimas quando sente que todas as tentativas
as idas e as voltas daquela incansável viagem dolorosa
não deram em absolutamente nada.

Eu sinto vontade de chorar quando estou sozinho.
Mas pego todas as lágrimas e afogo em conhaque. Peço que todos saiam e que se retirem,
preciso ficar só...

Tenho momentos na vida
que mal consigo ouvir minha própria voz.
Não tenho muita escolha e o solitário silencioso é tudo o que me resta.
É tudo o que suporta ficar comigo.

Eu dei para uma moça que já se foi o meu coração,
ela levou consigo e se recusa a voltar para devolvê-lo.
O orgulho fez o Rei perder a guerra e a Rainha o seu marido.

e enquanto todos os motivos de continuar escrevendo desmoronam
algo me inspira como gotejo de palavras que não consigo evitar,
elas cruzam minha cabeça entrando pelo ouvido esquerdo indo em saída ao direito.
É como se alguém me dissesse tudo isso. Me sinto livre ao escrever.

É quando as gotas cessam que sua insanidade dá espaço para pensamentos não tão malignos
estes que ganharam cômodo foram os mesmos que trouxeram uma cachoeira inteira para desaguar
em plena noite trinta de Setembro.




Sallut
30.09.2014

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Arte Fria.

Não era o frio da cidade,
eram arrepios de insanidade.
Calam-me com gritos de ferocidade.

Ouço os estalos, não é da chuva,
é a chama de tinta que borbulha.
Foi um pensamento gelado
que me abandonou acompanhado
de um quadro apagado.

Só precisava do fogo, já tinha combustível
quando o pintei o tornei visível,
tangível, corpóreo, material.
Ele era só fibra e tinta, mas o fogo era real.

Me limitei a sentir
meu coração gelado se pôs a agir
o sangue quente aquecendo as veias
o oxigênio é o que incendeia.

Eu posso dizer, como assinatura
que arte viva não se pendura, se atura
é como ser o inverno pra inspirar-se no verão
é como sonhar com romances e acordar na solidão.

Casaco inútil,
o que me aquece é minha Arte.





Sallut
24.09.2014

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Barrett, Syd. Por:

Começa da nota mais baixa,
até alcançar a mediana e levá-la às mais altas.
Volto pro meio estremecendo tudo
e começo de novo.
Do baixo ao alto, estremecendo no meio.
De novo.

Em baixo de mim
moram mãos atadas
penduradas sob desejos insanos
que esperam você ir embora.

Please, please. Baby Lemonade.

E só pela manhã é que você vai embora
quando aparece o sol você me mostra o amanhecer.
Vai como se fosse um fantasma.

Estou assustado, não sei que caminho seguir
sinto as maçãs despencando dos céus.
É como se as árvores se tornassem máquinas.
Me sinto tão sozinho nesta floresta metálica.

Please please. Baby Lemonade.

As notas te deixam louco
pois elas complementam a insanidade que já mora em você.

Em baixo de mim
moram mãos atadas por um desejo insano
de possuí-la e levá-la ao êxstase.

Please, please. Baby Lemonade.

É pela manhã que consigo te levar para baixo
e te faço perceber o valor que tem o Sol amanhecendo.
É então que você se vai como um fantasma que nunca esteve comigo.

Please, please. Baby Lemonade.




Sallut
19.09.2014

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Céu de Terra Úmida.

O céu me mostra explosão.
Luz de um Sol que explode constantemente já há muitos anos.
Me pergunto se a Terra poderia explodir durante tanto tempo
e resistir emitindo a Luz que permeia vida n'outro lugar.

Tentamos durante os esforços encontrar recompensa.
Algo que faça brotar uma árvore da vida no meio deste trilho,
mesmo que seja de ferro construído meio as pedras.
Nascem cactos no Deserto.

E a verdade é que algumas plantas realmente não precisam de água nem de Luz.
Não é como ser auto-suficiente, mas depois de um tempo aprendemos a ser só.
Não por falta de companhia nem por escolha, mas porque de madrugada é o melhor a ser feito...

E você ainda me pergunta ao amanhecer:
Por que você demora tanto pra acordar?
Eu digo bocejando que estava cansado de mais pra acordar tão cedo.

Iremos dedicar horas incontáveis dos nossos dias a tarefas que não gostaríamos, os tais deveres.
É como sacrificar uma lágrima pelo sabor de sorrir enquanto ela escorre. Mas vai além disso...
Talvez seja como esmerilhar os dedos fazendo um solo de guitarra que seja capaz de dizer como se sente.

Mesmo sendo incapaz de traduzir-se continua tocando com todo o sangue que tiver pra escorrer.
Talvez seja o fato de sangrar a tradução dos teus sentimentos.
Enquanto houver algum para ser tocado ou esguichar manchando a parede branca de vermelho...

Eu queria você
mas não com um olhar quebrado de indiferença.
Todos os dias digo Adeus pela minha janela, te observando.
Eu queria você
mas sei que no fim é só um pedido de ajuda.
Porque eu falhei comigo mesmo quando decidi soltar sua mão e seguir meu caminho.
Agora no meio da estrada acredito estar sem combustível.

E enquanto você corre da minha presença perdida
coisas acontecem na sua vida que te fazem chorar pelas mudanças.
Absolutamente. Andando por um vale obscuro.
Você gostaria de estar acompanhada nestes tempos perigosos,
apesar de gostar de acreditar no poder que tem o silêncio e a solidão
de dizer que você dá conta de tudo sozinha.
E isto é tudo o que a vida tem de melhor a oferecer...

Me calei com o sentido que as palavras conduziram.
Cheguei frente a uma Torre sem porta. Não conseguia nem enxergar seu topo.

...e você acha que pode sobreviver sozinha no silêncio da solidão
mas hora ou outra irá perceber que a força está na sua sombra quando acompanhada.

Toquei minha flauta no pé da Torre até que você percebesse
e quando esgueirou-se para fora, apesar de não vê-la, pude notar
Sua energia esgueirou junto.
Senti seu olhar cravado em mim, lá dos céus...
Foi como tocar para você com os pés no chão
e o pulmão ao seu lado, nos céus...




Sallut
16.09.2014

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Na rua em seu Caminho.

...no meio de notas leves e suaves,
selecionei palavras quando o trompete me iniciou,
quis dizer que vim falar de uma praia, uma estrada, uma dança e uma moça.

Sua cidade era tão enfeitada de tintas artificiais que descascavam com o tempo,
mas quando fechava os olhos podia até sentir vontade de sorrir. Havia uma praia.
A água gelada podia borbulhar nos meus pés e fazer todo meu corpo gelar,
os ventos tomavam conta do meu estado de espírito e me desafiavam a ficar de pé.
Sabia que se andasse de ponta a ponta beirando aquelas águas seria uma caminhada de sonhos.
Talvez até voltasse mais jovem... apaixonado...

Sempre que nos dispomos a visitar praias é uma longa caminhada até a alcançarmos,
nada mais convincente do que morar na cidade e ter o "conforto" de viajar até a praia de vez em quando.
Mas é na estrada que as coisas acontecem. Uma picape e um pen-drive com todas as selectas,
do rock'n'roll ao Miles Davis. E o caminho seria apenas o refrão de várias músicas por nossas vozes.
Uma dessas viagens pode ser louca, fumacenta e  psicótica. Talvez queira viajar de motocicleta por segurança.

E por incrível que pareça a vida não se restringe apenas às maravilhas da natureza ou tecnologias.
Por além de tudo, quanto mais antigo for o piano melhor será sua música. Mais intensa será sua dança. Uma dança que não precisa ser romântica e nem agitada. Apenas algo que envolva o trompete suave para dar aos movimentos a liberdade.
De ser e querer ser para poder. Permitir que os movimentos sejam espontâneos e circulem no seu corpo como o sopro de uma flauta transversa, com todas suas saídas planejadas e organizadas.

O mais encantador de poder viver a vida
acaba não sendo visitar a praia ou viajar de picape, motocicleta...
Até mesmo uma dança de salão ao som do jazz mais fino
não teria peso e intensidade
do que o valor de uma Moça na vida de um cara.
Porque qualquer lugar que existir por mais belo que for,
...gostaria que você estivesse aqui...
E mesmo por ser livre a dança mais descompromissada só alcançaria o ápice de mãos dadas a alguém.

Mas no fim da música eu não diria objetivamente o que é de mais encantador nesta vida.
Leia e me diga você.




Sallut
11.09.2014

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Harley Duas Pernas.

Minhas pernas poderiam correr tão rápido quanto o motor da minha motocicleta.
Eu acredito nisto!

Toda estrada que cruzei pelo país
acabou me apresentando algum diamante nos bares de acostamento.
Podia ser uma garota baixinha de olhos castanhos,
ou só uma gaita nova presenteada por algum barman interessado por Blues.

O tempo me passava tão rápido
que em determinada noite, bêbado no bar vazio do Eric,
percebi que minhas pernas eram o motor e minhas ideias o combustível.

Eu venho andando procurando um lugar para montar minha casa da árvore,
mas sempre acabo encontrando Diamantes.
Eu venho andando por aí
a procura de uma simples árvore pra construir minha casa.

Toda estrada que cruzei pelo país
me fez esbarrar em gritos estéricos e seios saltitantes.
Muitas moças deitaram-se no meu prazer. Minha guitarra gritou por todas elas.

Mas, querida, você é um Diamante.
Preciso encontrar um lugar pra construir minha casa da árvore.
Talvez com alguns galhos secos e grandes folhas
você tope ir se jogar comigo
pelas esquerdas e direitas das estradas que cruzam o país.




Sallut
05.09.2014


quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Hymn to Mother Earth.

Fui sem saber o que iria encontrar
encontrei sem saber o que esperar.
Enquanto os pomares iam se transformando em cinzas
meus passos traziam a água dos rios em sangue,
e toda nuvem que pairava no céu embolorou-se como se tivessem sido tragadas pela nicotina.
Os prédio rufavam tambores.

Somos todos
seres de um mundo que espera pela Ascensão.
Somos todos,
você e eu estamos pairando.
E você disse que finalmente encontrará
algo que fará você.
Algo que possa fazer sua mente.

Somos todos
óculos escuros no rosto de um negro cego.
Somos todos
estrelas procurando uma casa para voltar.
E você acredita
dia após dias, noite após noite
que algo nesta cidade possa te trazer
Trazer para você a visão. A visão que nunca teve.
A visão de um mundo harmônico. Sem guerras e sangue escorrido.
Onde você pode dançar
em qualquer lugar do planeta que há música
para começar uma bela dança.

É então que tudo começa a desmoronar.
É então que tudo lentamente vai igualando-se ao solo, em escombros.
É então que todo o encanto vira selva apodrecida. E um novo ritmo brota
como uma laranjeira surgindo no deserto brilhando a cor do Sol.
Nem havia sombra de prédio algum, a Terra era seca
ao redor não havia rios nem pessoas. Não havia muito o que se fazer.
Mas foi dali
dali surgiu um pé de laranjeira. No meio do deserto.

É incrível ver como pode ser
o universo que nos rodeia.
É incrível ver como pode ser
o universo que nos rodeia, é incrível...

E quando você se dá conta
algo na sua vida se deu conta: Um amigo.
Algo que você sempre precisou,
algo que você sempre teve medo de não ter.
Então você acorda um dia
e em um momento desse dia seu amigo se vai.

Somos todos
destinados à uma casa que vai brilhar.
Somos. Somos. Somos todos.
Isso é tudo que você vai encontrar.
E se isto não for suficiente
eu mesmo farei
farei com minhas próprias mãos a sua mente.
E mudarei os cantos mais obscuros, abrirei janelas, assoprarei poeras. Espirrarei lembranças velhas. Baterei tapetes nas janelas, balançarei a rede do quintal...
Enquanto os prédios rufarem...




Sallut
03.09.2014