E quando cheguei foi como a nota mais alta que o Saxofone grave podia alcançar.
Algo grave, agudo e suave. Tudo ao mesmo tempo agora.
Eu tirei minhas velhas roupas do guarda-roupa
estou caminhando com minha bota nova e estou indo à praia.
Talvez dê um mergulho para salgar com água do mar a poeira da minha antiga jaqueta de couro.
Preciso fazer uma corrida e fazer meu pulmão de fumante respirar.
Passei tanto tempo tocando a mesma dolorosa canção.
Hoje tenho um novo instrumento que me permite mostrar ao mundo o Show
que pode ser a melodia que emana as vibrações da minha alma.
Sou um cara simples
que precisa de uma boa sorte
para encontrar por aí uma garota que seja minha inspiração.
Vou correr pela praia, talvez esbarre na estrela que me fará ter uma Nova.
Sei que pode ser perigoso correr pelo amor desta forma, numa praia
mas alguém precisa correr em direção ao amor para encontrá-lo. De forma acidental.
Então, corra comigo, querida.
Depois da nota mais alta vem teclas suaves de piano. E outros sete instrumentos que trancam harmonia sem grandes dificuldades.
É como nadar de costas numa piscina de madrugada, no silêncio.
Você sente a água escorregar pelas curvas do teu corpo e o som tranquilo tilintar o silêncio como trovão.
Dá até pra convencer-se de que nadar de costas é mais fácil que correr ao amor.
As vezes me convenço de que não devia correr ou nadar de costa.
Chego momentos em que me pergunto:
O que foi que eu fiz? O que eu farei...
Queria poder tentar de novo, voltar do início.
Saudade de minha mãe e de como se preocupava.
Estou num caminho em que
ou corro ou nado.
é quando seu coração te pergunta
por que está fazendo isto?
e você simplesmente não consegue responder. Apenas pega sua flauta
e assopra notas pro silêncio que não se cala nunca.
Enquanto procuras algo que te preencha o vago espaço do estômago vazio
tente me dizer por que. Por quê gostaria de voltar do início?
Eu não sei.
Eu tenho o flo na minha corrente sanguínea e irei levá-lo até o ápice da sua mente.
Quando chegarmos lá apenas me beije e não diga que não pode. Não diga que tem compromissos.
Farei uma música para você caminhando por aí.
Algo que diga o quanto me senti mal por tê-la deixado sozinha.
É caminhando, querida, de pés no chão, que sinto o que deixei para trás...
Eu me pergunto: Por que?
Apenas uma pergunta... por que...
Queria poder voltar do início sem ter um porque.
Submergir da Terra de pés descalços com o corpo deitado de peito para cima.
Posso parecer maluco
mas queria pegar na sua mão mais uma vez para sentir aquela mesma energia...
e eu me pergunto por que..
Simplesmente não sei.
Talvez minha mãe me diga quando eu a encontrá-la de novo.
E eu vou correr até encontrar o som perfeito que preencha meu interior
Vou nadar até o fim do oceano atlântico para ter ar o suficiente
e assoprar as notas necessárias
que sejam capazes de me dizer o que irá preencher o vazio que eu mesmo causei
com os passos que dei chegando até aqui.
Aqui me pergunto: Por que?
...como cheguei aqui...
Sallut
30.09.2014