Olá,
Saudações à sua noite, como se sente hoje?
Gostaria de conversar sobre o silêncio que trago comigo. Se não quiser não precisa falar nada, ficarei em silêncio também.
Quando acordo tomo café, horas antes de dormir tomo chá. Aliás, tenho dormido pouco, não tenho comido bem também.
Não venho embebido de álcool e nem afogado como em outrora, na literatura.
Trouxe um par de flautas hindustani no mesmo tom, rimando juntas. Numa dança em crescente e decrescente espiral.
Apareço com vestes de algodão rústico, tecido beje. Um colar de sementes de angelim vermelho e o brinco de pena da Arara Canindé. No meio da minha testa um círculo pintado a dedo com argila.
Você me vê e já não me reconhece.
Tantos caminhos nós trilhamos.
Esta grande tristeza é de me libertar, finalmente, da armadura que vestia já há tanto tempo querendo me proteger. O romantismo me devorou por dentro com sentimentos em ebulição. As pessoas que cruzaram meu caminho mostraram uma forma tão livre de amar, e leve...
Os passos que me levam mostram a noite presente em mim. Se fecho os olhos e permito só sentir posso ser ferido.
Sentir e Ser Sentimento.
Por isso o som do silêncio ecoando em mim.
Já estou sentindo algo por alguém, algo que me parece tão distante.
Se me entrego e confio posso acabar no chão quebrado, este é o som do silêncio.
Não preciso dizer muito mais. A manhã está por vir. Estamos quase encontrando nossos ecos.
Sallut
10.05.2020