Estou Vivo. Sou grato.
Mirando o Sol com olhos de outros rumos.
Com todo sentimento
saúdo mais um dia.
Eu caminho e cruzo a cidade, saindo do bairro rumo ao centro. Tomo o transporte ouvindo o Raga Yaman. Ele me acalma e coloca meu coração bem tranquilo. Embora meus pensamentos revoem como uma tempestade, sigo firme numa decisão que só o coração sabe os motivos.
Eu vivo esta história, mas não conheço seu destino. A vida é um mistério.
Agora tudo o que eu quero é fazer minha última peregrinação. A Cordilheira.
Quero fincar minhas raízes, construir minha casa. Começar a plantar todas as sementes que reuni.
As viagens não mais me apetecem. Nenhuma expectativa de conhecer todo o mundo.
Tudo o que vi até aqui foi Divino Maravilhoso.
Querido diário. Desde que comecei a escrever e relatar meus mais íntimos pensamentos aqui, muita coisa me aconteceu, me transformei em vários personagens e a vida continua me moldando. Apesar de ter diminuído a frequência com que lhe visito, mantenho a escrita como a origem de toda a minha expressão. Tenho meus diários de bordo.
apareço vestindo uma calça jeans branca, com o velho cinto coral,
a camisa de krishna tocando seu bansur. O colar de cristal por dentro da veste.
O cabelo black. Um pouco mais magro. A velha sandália mais surrada, mais usada.
A mochila de tecido que guarda água, blusa e flauta. O mesmo simples tão simples quanto sempre.
Me olhe, veja dentro de meus olhos. Ouça minha voz e pense nas palavras que lhe digo. Estou te olhando, tentando ver dentro de você. Buscando ouvir sua voz para entender o que me trazem. Eu sou o outro você.
Sallut
12/09/2022