Pesquisa !

terça-feira, 17 de maio de 2011

Capítulo 0-288. Primeira parte, fim da história.

Esse é o meu diário, e eu vou ler um dos meus 288 capítulos.


Sempre fui sozinho, sempre fui antipático e apático. Sempre me tranquei dentro do meu quarto para experimentar as minhas doses de frio e de solidão, e na minha mente tudo era transformado. Eu imaginava a minha individualidade na cabeça como uma sala enorme branca, sem nada. Sem ruídos, sem cheiro, não sentia calor nem frio, não sentia nada. Havia apenas eu, nú. E mais nada.
Mas de repente vi um ponto vermelho bem lá no fundo, foi de imediato. Me levantei desesperado e corri até ele, corri como se não houvesse outro algo. E realmente não havia.
E nisso lembro do primeiro abraço, do primeiro sorriso, lembro do primeiro beijo. Nisso, lembro da primeira vez em que peguei na sua mão, lembro quando senti o seu cheiro pela primeira vez. Lembro do presente que você me deu, lembro de tudo.
A minha cabeça explodia em lembranças que me torturavam, mas me faziam bem. Feliz. E a página virou, e as letras se bagunçaram de repente transformando tudo em nada, simplesmente.
Lembro das sua lágrimas, do seu rosto triste, da sua boca inquieta e seu olhar vazio. Lembro de perceber seu coração quebrando e se transformando em milhares de cacos de vidro. Ah, amor...
Você foi a primeira pela qual realmente me apaixonei, e aprendi a me livrar do meu "vazio" com você. Concluí uma meta que eu não podia concluir sozinho, e a minha maior dificuldade era ter alguém para concluir comigo, e de repente, você apareceu.
Quando finalmente alcancei o ponto vermelho as coisas ficaram ótimas, e a minha história começou...

Nos apaixonamos, foi a primeira parte do capítulo desse livro. Quando te beijei não liguei para as conseqüências, não liguei para nada. Simplesmente entreguei o meu maior tesouro, eu. Você soube cuidar por um tempo, e muito bem.
Me fez tão feliz que esboçava sorrisos ingênuos só de te ver, de sentir o seu cheiro. Só de te abraçar, te beijar, te ter...
E no próximo capítulo, terminamos. Assim, e pronto. Terminamos. Mas nós dois sabíamos que ainda não tinha acabado, logo o nosso romance perfeito que nem mesmo havia começado. O jeito deu-se sozinho e acabamos voltando, as lágrimas secaram e eu juntei todos os caquinhos do seu coração, fui beijando cada um deles e os colei. Um por um. Foi de fato, a melhor parte dessa história, quando te abracei apaixonado, quando te beijei apaixonado, quando te amei apaixonado.
O próximo capítulo nos revelou, já não estávamos mais juntos. Minhas lembranças ainda martelam o seu sorriso, e eu me lembro tão perfeitamente que nada se compara ao vê-lo novamente. Azaro meu nunca mais poder vê-lo, droga. Logo eu que o adorava tanto, que lutava cada palavra minha para arrancá-lo de você. E não lhe custava nada sorrir, apenas a minha felicidade. Só.
Mesmo longe eu ainda estava apaixonado por você, e não conseguia trilhar o meu caminho só sem ninguém para laçar o meu pescoço com um abraço e sussurrar na minha orelha que me ama, que me deseja e que precisa de mim. Foi difícil, mas superei.

Tive outras mulheres, outros amores, outras ocasiões. Crescemos e nos distanciamos, hoje passamos na mesma rua de lado diferentes e nem mesmo olhamos um no rosto do outro e eu nem sei porque. Você aí, eu aqui. Todo o nosso "amor" se transformou nisso em alguns anos, e ficou assim.
Nesse capítulo, eu queria transformar o seu amor em ódio porque eu não aguentava vendo você sofrer por minha causa. Porque mesmo depois de tanto tempo você ainda dizia ser apaixonada por mim, e eu por você. Mas sem tempo o "nós" não poderia existir, você sabe que nunca daria certo.
Então lutei com todas as minha forças e recursos para transformar aquele amor absurdo que plantei em ódio, em rancor e arrependimento. Chorava algumas noites e rolava lágrimas de culpa quando pensava em você sofrendo aí na sua casa, na sua cama... por minha causa. Droga droga droga droga.

Nesse capítulo, conquistei o seu ódio. Você me odeia, e sorri quando disse isso. Porque para mim foi um "meio termo" pois eu te amava, e transformei o seu amor por mim em ódio para o seu bem. Não é irônico? Você disse com todas as palavras e naquele instante eu disse: "Finalmente nos livramos desse problema bebê, juntos..."
E desde aquele dia nunca mais falei com você. Pois desfizemos todo tipo de contato, você me excluiu das suas listas de rede e esqueceu-se do meu número de telefone. Esqueceu-se de mim.
Voltou e se apaixonou pelo seu antigo amor, foi uma atitude inesperada mas eu compreendi assim que parei para pensar. Tudo bem...

Nesse último capítulo eu me vejo novamente na sala branca, aquela sem nada e sem ninguém. Sabe?
Mas tem alguma coisa de diferente, não sei... algo que eu não consigo perceber.
Ah! Deve ser eu..
Sem coração, sem nada. Hehehe. Imagina? Alguém que destruiu o próprio amor, a própria "alma" por assim dizer. O que resta de uma pessoa que faz isso? Eu digo: nada.
E foi isso que restou para mim. Me lembro de sair do meu trabalho e chegar em casa como todos os dias, joguei a chave da casa sobre a mesa e o barulho que fez ecoou por toda a minha casa. Caminhei até a cozinha e preparei algo para mim comer. Cantarolando eu expressava felicidade no comportamento e tristeza na face, era assim. Terminei de cozinhar, peguei o meu prato e o levei até o computador. Liguei e mexi nas coisas enquanto comia, costume.
Terminei de verificar minha caixa de e-mails, vi minhas redes na internet e terminei de comer. Voltei à cozinha e levei toda a louça, guardei todas as coisas e depois enchi um copo d'agua. Bebi um gole e refresquei a garganta. Caminhei cantarolando a mesma melodia até o banheiro e abri a gaveta de remédios, peguei todas as cartelas e destaquei três comprimidos de cada uma. Havia umas sete ou oito, não lembro direito. Enfiei tudo na boca e engoli.
Depois fui até o quarto e me joguei na cama, bebi o resto da água e esperei a mulher do vestido branco vir me buscar.
Olhei para o lado e vi nossas fotos, todas com o seu sorriso lindo. Faz anos que terminamos, faz meses que você me odeia mas guardei todas as fotos, todas. E estão aqui, agora... engraçado, você vai ser a última coisa que eu desejei ver antes de.... bom, antes de descansar a vista.
Tudo começou a rodar e eu me vi perdido em algum lugar desconhecido, fechei os olhos para imaginá-lo na cabeça como sempre fiz e encontrei o meu canto, minha sala branca.
Mas espere! Sala Branca? Tudo está tão escuro, tudo está tão, tão... tão sem vida. Não sei. Comecei a correr e senti água nos meus tornozelos, eu não ouvia barulho de água e não a sentia fria ou quente. Apenas pisava em algo que absorvia o impacto do meu corpo.
Não havia ruídos, não havia cheiro, não havia cor, não havia nada. Não havia nem mesmo eu. Eu estava finalmente no nada. O nada sem você, nossa... como é feio lá.
Quando eu desisti de chegar em algum lugar eu vi a luz no teto ascender e tudo ficar branco novamente, vi que não havia água alguma e que eu estava apenas cansado. Sorri, e, como resposta, a luz apagou-se novamente. Foi neste instante que eu meus olhos se fecharam na realidade, a lágrima escorreu pelo meu olho e disse para mim mesmo... palavras que ecoaram na sala branca ou negra, tanto faz. Palavras que mesmo no nada me torturam.

Sorria. Mesmo que a vida la fora esteja dificl para você.








17.05.2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário