Vejo lágrimas por todos os cantos,
E ouço sussurros me implorando
Ajuda. Um pouco de comida, quem sabe até água. Quem sabe uma vida.
Ouço vozes me chamando pra sofrer
Para ver como o mundo é pra você
Pra ver o mundo como é do outro lado
Pra ver o mundo a cada detalhe falhado.
Ouço vozes e elas me perturbam, me colocam de cara no muro
Me fazem delirar todas as noites, enquanto me reviro todo afoito
...e com medo, com muito medo. Lágrimas que escorrem unidas com o desespero
Com o drama de viver sozinho
Com o drama de viver todo dia de pouquinho em pouquinho
Sempre lá, sempre resistente.
Sempre com fé no inexistente
Sabendo que nada nunca vai vim me buscar
Sabendo que ninguém se importa em vim me resgatar
Sabendo que eu sou um verme, só isso
Viver sabendo que ninguém se importa contigo
Pega, estupra, e apresente a maldade
Taí mais um loko na insanidade
Que nem eu, só mais um. Sem diferença
Pra sociedade só mais um na doença
Neurótico, psicopata, bandido, assassino, estrangulador.
Vários nomes recebi sem motivo, sem cláusula. Só foi isso
Me acusaram e já era, aconteceu.
Em pouco tempo tudo estremeceu
E vi anoitecer, vi o sol apagar
Vi várias coisas inalteráveis mudar
Vi até um sorriso se desmanchar no vento
E o que dizia sobre isso: "Eu lamento".
Lamento por ter sido derrotado
Lamento por não ter estudado
Lamento por não ter me esforçado, e batalhado como você queria.
E desejava, eu via nos seus olhos.(como eu via), eu via o que você queria
Queria o meu bem lutando toda com medo, suada, suja, toda aflita, no desespero.
Ô Mãe sinto muito perder, sinto muito fraquejar mas é o que eu posso oferecer
Esse meu último depoimento, como de costume. Diário de um Detento.
Preso às maldições da vida alucinantes
Preso à um pesadelo constante, que é viver cego de tudo
Não poder enxergar mais o mundo
Com as suas cores, e sentir os odores
Tocar tudo, ver os meus amores
Ver como é lindo o sol brilhar
Ver como é gostoso a lua clarear
A madrugada calada sinistra, tenebrosa até assusta as meninas
De noite que ouve história do pai, e vê a Lua na janela e grita "sai, sai, sai, sai. Sai por favor, não encoste em mim, não me machuque não me faça sofrer assim.
Me liberte e me deixe morrer agora.
Quer mais o quê? Quer que eu ajoelhe, chore e implore. Por favor me mate, tire a minha vida "xeque-mate" e já era. (Tiro) Aí óh, mais um nóia na seqüela.
(refrão)2x
Eu acredito que tudo vai mudar, eu acredito nas mudanças que ainda podem rolar
Eu acredito no sorriso alheio, acredito num bem que nunca vai se transformar
Acredito que um dia o homem vai perceber e mudar
Acredito cegamente nisso, morrer em vão não é um dom é um castigo.
Sabe, apesar de tudo não fui um fracassado. Fui humilhado, fui sim. Pisoteado
Mas antes de tudo eu fui formado.
Fui sim, direito civil. Estudei 5 anos, com carteira(tava à mil)
Na vida eu já tinha ganhado
Quando decidi investir...
Meu irmão foi preso por tráfico, rolou um dinheiro mas sumiu e já era
Banquei uma escola, banquei uma casa. Banquei a família, e ele de volta no tráfico
Caralho, queria fazer ele mudar. Mas mesmo assim já não quero mais me preocupar
Ele me quebrou, roubou minha casa, minha mulher, meus filhos, meu dinheiro e todo meu "patrocínio".
Me expulsou da minha própria casa, sem esperança caí num mundo que não há respostas
Não há glória, não há justiça. Só a sangue pra quem quer a família.
E sentir o cheiro de dor, de sofrimento.
Sentir a vida desabar com o carro no acostamento
Capotado, tudo quebrado. Acidente de trânsito e você já foi levado.
Morreu na hora da batida que nem lixo, ainda de quebra matou mais quatro de caprixo.
Se existe um fim do mundo, aí mano já chegou. No momento em que o homem errou e pecou.
Se existe essa porra de juízo final, já faz tempo que passou e nóis sofrendo.
Se contentando com menos que o nada, vivendo a vida na base da chicotada
No empurrão, cada passo é um passo.
Descendo a ladeira doido, cê é julgado. Condenado, culpado, direito de sofrer enjaulado.
Sallut
30.05.2011
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