Pesquisa !

terça-feira, 13 de maio de 2014

Jardins de Lua Quase Cheia.

Eu chegava em casa todas as noites,
olhava para o céu antes de abrir o portão, contava algumas poucas estrelas.
Antes de perder o contato visual com a Lua eu sorria para ela.
Numa noite específica a Lua estava quase cheia.

Quando cheguei na minha cama após o banho e a janta
pude perceber que o jardim vivo em mim alimentava-se do que eu sentia.
Vinha sentindo amor. O amor regava minhas belíssimas pétalas de rosas.
Vinha sentindo esperança. A esperança regava minhas belíssimas bromélias.

Fechei os olhos e quando tudo escureceu pensei no meu romance, naquele meu sentir.
Queria tanto que fosse verdadeiramente para sempre.
Mas antes de abrir os olhos pela manhã meu jardim morreu.

Fiquei algumas horas para abrir os olhos já acordado, e quando os abri vi o teto do meu quarto.
Gostaria muito de virar pro lado e ver um sorriso específico, mas meu jardim já não tinha mais rosas ou bromélias.
Desejei com todas as forças que o dia passasse sem que eu levantasse da cama. Meu jardim já não tinha mais rosas ou bromélias.

Mas tive de levantar. Levantei.
E antes que colocasse os pés no chão o Sol alcançou minha pele,
foi como se cada flor morta posta em cinzas do meu jardim tivesse ressurgido. Renascido.
Não pude esconder o sorriso espontâneo. Sorri.

Minha pele aqueceu-se confortavelmente enquanto calçava os chinelos.
Quando me levantei senti meu espírito erguer amor.
Quando me levantei senti meu espírito erguer esperança.
E ao meu primeiro passo a rosa mais bela se preencheu de cor e vida.

Quando cheguei no banheiro já tinha metade daquele meu jardim florescido,
ao olhar-me nos olhos do espelho vi que faltavam pássaros. Então cantei.
Minha voz criou montanhas com cachoeiras, riachos com cantareiras.
E quando cantei choveu. A chuva germinou novos sentimentos.

Tive vontade de chorar, adorava a roseira que tinha na janela do meu quarto.
Sempre que acordava ela estava lá. Já não estará mais. Chorei.
Tive vontade de gritar, adorava correr e me jogar no mar de plumas que tinha no quintal da minha casa.
Sempre que estava triste era lá que me refugiava. Gritei.

E quando acabaram-se lágrimas e gritos eu pensei:
Tenho um novo Jardim para conhecer.




Sallut
13.05.2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário