...acabo me pegando em notas diferentes que eu não conhecia, inspirando pensamentos teus.
Fato típico. Acabar me inspirando em você.
Você achou errado pela última vez.
Você descobriu uma canção em mim que sobreviveu o amor que foi virando cinzas, uma canção que canta até mesmo a solidão. E ela sempre diz cantar apenas por uma última vez.
Pela última vez. Só mais uma vez...
Então vá e permita ir.
Não prenda o teu coração às minhas lembranças, meu bem. Vá. Pela última vez.
E quando você estiver caminhando para seu novo destino lembre-se de todos os sorrisos que demos juntos.
Valeram à pena.
E de todas as lágrimas que acabei derramando quando tudo acabou, uma canção me inspirou naquela última vez que toquei meu violão para você.
Pela última vez.
Era uma canção que cantava a dor de um coração que lembrava de seu primeiro dia,
momentos que se foram e jamais retornarão. Tão sozinho por enquanto. Enquanto você vai...
Canto aquela canção mais uma vez, só por você ter me deixado sozinho, mais uma última vez.
Mas gritarei as mesmas notas. Não chore. Eu estou sozinho mas continuo aqui.
Parado no mesmo muro pensando quantas vezes foram necessárias para a dor em mim apartar.
Jamais parou de sangrar, chorei durante tanto tempo que quando secou meu rosto havia petrificado.
As notas iam me levando para algum lugar que jamais visitei antes, tudo o que eu tinha era você nos pensamentos.
Não parece justo vendo pelo meu lado, mas foi eu quem errei. Acabei por apagar a estrela que conquistei o brilho. Eu sinto muito por isto.
Sei que o tempo já passou e que não faz sentido continuar escrevendo, escrevendo, escrevendo...
Estas palavras que me inspiram não querem dizer nada. Mas as digo, só mais uma última vez. De novo.
Enquanto o tempo passa aguardo pacientemente dentro de mim a oportunidade de amar novamente.
Belas moças me aparecem, belas personalidades me são apresentadas. Eu vejo tudo isso acontecer...
Mas acabo voltando para casa no fim da noite pensando no mesmo sorrir, tentando lembrar do mesmo cheiro.
Me parece inútil resistir a esse amor que vive em mim e que um dia dei moradia. Não faz sentido expulsá-lo ou trancafiá-lo para jamais expressar-se. Vou gritá-lo. Permitir que voe.
Então escrevo.
E acabo voltando às mesmas linhas em branco preenchendo-as com estas coisas que me levam a você.
Estou preso a esta miserável tortura que mereci criar. Preciso superar isto.
Mas só por esta noite eu vou chorar estas lágrimas mais uma vez, pela última vez...
...não faz sentido eu simplesmente esquecê-la...
Sallut
06.05.2014
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