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sexta-feira, 8 de junho de 2012

O Trasgo diz.


"...olhei pela janela e estava chovendo, fazia muito frio. Carregava uma xícara de chá bem quente e ainda vestia pijamas. Meu olhar traduzia palavras que meus lábios não eram capazes de dizer, meus pensamentos eu não podia calar, eram inevitáveis e constantes. As coisas aconteciam rapidamente no mundo lá fora, enquanto lentamente o poeta reconstruía o mundo que havia dentro de mim.
Eu sentia buracos por todos os cantos, bosques e riachos que um dia deram brilho a um cenário hoje possuem apenas terra cinza queimada sem vida.
Eu não conseguia enxergar cura para o amor, no meu raciocinar era impossível. Impossível curar-se de algo que um dia já te trouxe cura. Impossível não sentir saudade de algo que um dia já te pôs um sorriso.
Eu me lembro como a história começa... éramos muito amigos e nosso carinho se confundiu, não demorou muito para criarmos coragem e apostarmos tudo naquele beijo. Lembra-se? Um arrepio do que estava por vir subiu pelo meu pescoço, olhei pra trás e nos seus olhos enxerguei o reflexo do desejo que, com certeza, também existia nos meus.
Depois nos entregamos para o amor e para nós mesmos, te mimei com um carinho que nem mesmo eu conhecia, te amei com um amor que eu nem sabia que existia. Foi assim que vivemos nossos dias juntos, eu não sabia ainda que o nosso fim ia surgir. Eu achava com sinceridade que seríamos para sempre. Fui um tolo, digo de novo.
Aí chegamos ao fim assim, desse jeito. Não fui maturo o suficiente. Talvez nem mesmo você tenha sido.
Acabamos e já passou um tempo... dói ainda continuar aqui.
Quando olho pela janela não enxergo Castelo, não enxergo Cabana, não vejo Montanhas, o céu não é mais azul-celeste agora o tempo está nublado, não sinto mais um cadeado no meu dedo, nem no meu peito sinto um coração, as horas iguais me fazem lembrar tristezas, a Chuva que cai do céu também soa familiar de um conto passado, não existe mais carinho e nem um Poeta apaixonado.
Restou a mim um Trasgo. Gigante, feio e machucado. Sozinho.
Restou a mim um Castelo. Vazio mas cheio de recordações do maravilhoso néctar do amor que já me tomou por inteiro
Restou a mim um peito também vazio."

...é que no final da história a Princesa fica bem, o Trasgo fica sozinho e o Castelo fica vazio. O coração que foi dado de presente morreu, nada mais o aquece. As fotos que ficavam na sua escrivaninha foram retiradas dali e guardadas numa caixa. As lembranças que o Poeta tem desta história também foram guardadas.
No final da história O Poeta volta para dentro para reconstruir seu mundo, O Trasgo sai pra fora e seu trabalho é mostrar a destruição que o amor causou, o menino está sozinho e continua triste, ferido pelo amor.
A Princesa fica bem...
Continua









Sallut
08.06.2012

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