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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Um futuro laçado com laços de cores diferentes.

...e quando eu paro pra pensar em algo quando penso em lembranças com certeza lembro de você, e sei que não por coincidência. A vida tem um jeito estranho e misterioso de encaixar os fatos que acontecem, enquanto uma coisa deixa de ser, outra em outro lugar talvez esteja se fazendo. Como nosso amor que ascendeu e se desfez com o tempo. E o que vem depois disso chamei de A Grande Tristeza, como naquela semana que parei para ver os Bruxos, haviam criaturas capazes de sugar-nos as boas lembranças da mente e abandonar para trás as tristezas e as lágrimas. E para fugir desse encontro na Cabana basta pensar numa memória intensa, algo em sua mente que te faça sentir-se vivo toda vez que se lembra, é nessa hora que você sente-se a salvo... mas penso nos momentos em que nada me vem à mente, aí fico perdido, alheio, procuro dentro de mim algo que faça queimar a esperança infinita do meu espírito, e não encontro nada. Encontro o silêncio enquanto desesperadamente olho em volta procurando na realidade algo que me faça lembrar de um motivo forte o suficiente para me fazer optar à vida. Mas não tem nada. Tem o que eu desconheço ou talvez só não saiba como dizê-lo, tem o que me faz falta, ficou comigo o que podia ter ido embora, e partiu para sempre aquilo que nunca deveria ter desistido de mim.

"-...sabe, não me surpreende que você tenha ficado desse jeito sem mim. Você deveria ter pensado melhor.
- Eu estava perdido dentro de mim já há algum tempo, haviam pesadelos que eu não sabia como me livrar, sempre ria das coisas que davam errado ou da raiva que sentia por estar só te observando acompanhada. Tentei encontrar sabor no amargo veneno da tristeza que a vida me fez degustar, neste tempo. Vi que pensar em você todos os dias não me tornava fraco, acho que apenas fiel. Fiel por saber que pelo menos de minha parte o amor foi sincero, e mesmo que tenha tido fim permaneceu guardado como uma das melhores lembranças que eu vivi, e sempre que eu precisar fugir da Cabana pensarei em você, mesmo que isso me faça triste por um único instante. Pensarei em você. Lembrarei desse teu sorriso, sei que não vou me lembrar do seu cheiro mas pensarei nele, sentirei saudade. Vou pensar naquele beijo que me fez apaixonar, com certeza trarei à memória a cena daquele primeiro beijo, foi quando experimentei da vida em seus lábios...
- Odeio quando você fala assim. _olhava para o chão cabisbaixa. - Acabou. Por que você não pode simplesmente aceitar isso? Como eu. _me olhou como se exigindo que eu a superasse.
- Não sou como as pessoas que você está acostumada a conviver. Você foi a primeira oportunidade que tive para que alguém me conhecesse de verdade e foi um fracasso, você não me conhece...
- Éramos melhores amigos... _disse com tom de recordação.
Fiquei em silêncio e o silêncio prevaleceu durante alguns instantes.

- E se você precisar pensar em alguma lembrança? Algo que vá te livrar do seu pior pesadelo, pensaria em quê? _disse me olhando nos olhos, curiosa, parecia realmente interessada nas palavras que eu iria usar para respondê-la.
- Não sei... acho que... sei lá. _fiquei pensando durante alguns instantes. - Com certeza pensaria em você, acho que vasculharia na minha mente a lembrança mais... _neste instante pensei em algo, lembrei de um dia, então sorri e apenas a fiquei observando. Ela me olhava mas não retribuía o sorriso, não adivinhava mais meus pensamentos e nem parecia interessada em explorá-los.
- No quê? _perguntou finalmente curiosa.
- Pensaria numa noite em que ainda éramos amigos, uma em que te aqueci com meu sorriso e sequei suas lágrimas enquanto tinha seu rosto contra meu peito chorando, pensaria naquele dia em que meu carinho tinha valor e intenção para você, deixaria de lado o rancor e a parte que não vale a pena para depois, para outro alguém... por você eu pensaria só no que foi bom e no que me ensinou. Sabe, não quero te conquistar e nem dizer coisas bonitas para você, mas...
Ela sorriu.
- Odeio quando você fala assim... _dessa vez tinha os olhos lacrimejando, eu vi.
Fiquei quieto, não tornei a olhá-la, então olhei para o céu. Era noite. Não haviam estrelas e, curiosamente também não havia Lua, apenas as nuvens devastando o céu nublado.

O silêncio ficou ali entre nós durante longos minutos, não dizemos nada e nem nos olhamos, fiquei a contemplar o céu daquela noite e acho que ela fazia o mesmo. O tempo passou rápido e estava tão frio naquela noite, mas continuamos ali sentados sem dizer mais uma unica palavra, sem permitir escapar nenhum outro olhar, ouvíamos apenas nossos pensamentos que já não se entendiam mais, ouvíamos apenas à nós mesmo e nós já não nos conhecíamos. Bem que eu gostaria, sim, de me apresentar cordialmente e fazê-la notar o cavalheiro que posso ser. Mas não. Apenas me levantei e espreguicei-me, ela olhou para mim então olhei para ela, dentro de seus olhos, e lembrei do dia em que descobri o que me fazia amá-la. Pensei que naquele instante o amor que sentia por ela tinha novamente ascendido dentro de mim, mas não, foi só uma lembrança... só uma ótima lembrança. Mas não importa. Tudo bem.

Eu sei que vou te ver novamente, então... até lá."





Sallut
02.08.2012

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