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sábado, 24 de novembro de 2012

Olhos que brilham na escuridão.



Estávamos sentados naquela noite na varanda, era uma noite quente e a lua crescente disposta no céu tendia a brilhar com poucas estrelas à sua volta. Era outro fim de ano e eu observava aquele cenário com esplendor, tocava minhas lembranças com delicadeza apreciando cada memória que tinha, cada sensação que sentia ao relembrá-la. Ao meu lado minha amada, não sabia dos teus pensamentos mas podia ter certeza de que também admirava a beleza daquela noite com olhar poeta. A brisa vinha aconchegante refrescando nossos pés em contato com a Terra e nossas mentes em contato com a Lua.
- Está acordado? _sua voz era tão doce e familiar que enquanto ouvia suas palavras sentia arrepio na pele.
- Sim, estou observando... _disse baixinho com a voz preguiçosa como se querendo adormecer.
- Você parece tão cansado... _senti sua mão lançando-se à minha.
Não disse nada, apenas sorri.
Alguns instantes se passaram, e eu deveria dizer, o silêncio. Podíamos enxergar no horizonte olhos brilhantes e misteriosos surgindo um a um do nada, da escuridão. A princípio roubou minha atenção, olhava distraidamente para a Lua atônito, quando ouvi novamente sua voz me despertando do devaneio do observar.
- Olhe! _disse baixinho querendo não acabar com o momento.
Olhei na hora. E vi.
Sorri.
Depois pensei... observei.
- De onde surgiram? _a voz já não era preguiçosa e sim animada. Me ajeitava na cadeira enquanto observava com mais atenção.
- Não sei, são tantos... _estava, de fato, impressionada com a cena que a vida propunha.
Sorri novamente. Adorava vê-la com intensas emoções, seus olhos ganhavam um brilho diferente que talvez somente eu podia notar.
Ela sabia disto.
Me olhou com um belo e apaixonante sorriso estampado no rosto.
Sorri de volta, sem escolhas.
Nos olhamos nos olhos por alguns instantes, seu sorriso foi sumindo aos poucos. Assim como o meu.
Meus olhos desviaram para seus lábios e, naquele momento, por um único instante, senti uma vontade enorme de beijá-la.
Ela sabia disto. Sorriu para mim.
Me senti envergonhado e olhei de volta para os olhos brilhantes da escuridão, pensei em olhar para a Lua mas não quis. Pensei que deveria beijá-la já que queria fazê-lo e ela sabia disso, deveria. Mas não o fiz.
Senti seu toque doce em meu rosto, olhei no mesmo instante para ela sem expressão. Seu rosto já estava tão perto do meu que não pude nem sequer pensar em me preparar.
Um beijo.
E, depois daquele beijo eu deveria escrever como outro pensamento, em outra escuridão, numa outra fase da Lua.
É por isso que eu amo este olhar poeta




Sallut
24.11.2012

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