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domingo, 10 de março de 2013

A Senhorita Florista.


Foi por uma mensagem que a inspiração chegou, uma curiosidade alheia ao tédio me levou a um imaginar que jamais me alcançaria, se não por uma Senhorita... não uma qualquer das que vejo enquanto vivo a vida por aí, esta possui uma mente e um coração de brilhares interessantemente diferentes, uma voz que já me roubara o coração e uma primeira profissão que já me trouxera um pensar.
Amanheceu naquela sexta-feira do ano 13 o dia Internacional da Mulher.
"...olhei-me no espelho e pude enxergar a cor que constituía meu olhar, notei minha aparência e ouvi a voz do meu pensamento. Aquela era uma semana triste porque um grande poeta morreu naqueles dias, o pensamento ainda me acompanhava tristemente. Era cedo, tinha sono e preguiça às tantas lágrimas em bocejo, mas me encaminhei tarefa por tarefa a seguir o meu dia normalmente. Fui a escola e nada de especial aconteceu, as risadas das mesmas coisas, as mesmas pessoas sendo quem sempre foram, os mesmos segundos passando tão rápido quanto sempre. O dia na escola acabou mas acabara de começar o dia no mundo. Trabalhava como florista e já imaginava, àquela altura, que a loja teria muitos clientes por ser o dia da Mulher. Não me enganei. Fora um dia bastante agitado com muitos homens, crianças e até mesmo mulheres acompanhadas procurando flores para que pudessem ser presenteadas. Eu, como florista, me dediquei a sugerir a mais bela rosa sempre que a procuravam. Requisitaram o meu paladar pessoal para flores enquanto as pessoas temiam escolher algo que não agradasse, abracei todas as vezes a responsabilidade de sugerir uma escolha de sucesso certo.
Até que chegou a hora do dia que entrou na loja um menino sozinho, tinha pouco menos de 10 anos e tinha a camiseta branca toda suja, uma bermuda preta e calçava chinelos. Era negro. Apareceu-me do outro lado do balcão com aqueles olhos negros brilhantes e, com uma voz vergonhosa me perguntou quanto era as flores. Sorri sem pestanejar. Saí de trás do balcão e fui ao seu encontro atraindo-o para perto das minhas beldades. Mostrei-lhe diversos tipos de flores para poder notar qual delas faria vibrar o coração do menino.
- Esta aqui é uma Rosa, é no mundo todo uma flor que simboliza o romantismo. Mas, se você quiser agradar alguma garota eu sugiro Girassóis. Se estiver pensando na sua mãe sugiro uma Rosa Azul, misteriosamente me faz pensar em pessoas de grande afeto.
O menino me olhou com cara de quem não entendeu uma unica palavra do que eu havia dito. Eu percebi.
- Tudo bem... talvez você queira escolher uma pessoalmente, não é? _olhei-o de soslaio enquanto ele me observava imóvel.
Ele olhou em volta da loja e caminhou alguns passos até o outro canto e apanhou uma violeta que, em sua  pura inocência, era a mais bela e jovem de toda a loja. Sorri assim que notei sua escolha.
- É... você parece não ser um menino que brinca com suas preferências, admiro seu gosto você realmente tem ótimos olhos para flores. O nome desta é Violeta, natural e preferida dos Gregos, demonstra amor e modesta lealdade.
O menino sorriu um sorrir singelo que não exibia dentes e nem tristeza, apenas satisfação. Me senti preenchido por aquele momento.
Ele me pagou com algumas pesetas e deixei que levasse algumas violetas embrulhadas numa cartolina de seda serafim. Antes de sair da loja o menino olhou para trás e me olhou nos olhos por mais alguns segundos, sorri e acenei, e ele foi embora.
Naquele dia muitas outras pessoas visitaram minha loja e levaram rosas vermelhas, brancas, azuis, compraram violetas e muitos outros girassóis, vendi buquês e recebi casais apaixonados. Depois da visita daquele menino ele não me abandonou os pensamentos, e fiquei a imaginar aquele brilho negro em seu olhar pro resto do dia. Uma lembrança fascinante.
Eu como florista me encantei com o momento, como Poeta pude apenas imaginar. Naquele dia muitas mulheres foram presenteadas, prestigiadas e agradadas. Eu, florista, não recebi uma flor sequer, nem um cartão.
Em troca disso, recebi um menino que presenteou a alguém meia dúzia das melhores violetas da minha loja, e a mim um sorriso inesquecível de quem sabe o significado das coisas."




Sallut
10.03.2013

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