Muitas estrelas pontilhavam o céu. Eram vastas e pareciam eternamente brilhosas ali.
Tinha dentro de mim meus órgãos todos funcionando. Os pulmões, o coração, o pensamento...
E ao meu redor ainda um mundo inteiro mergulhado na escuridão.
Havia agentes, nesta escuridão, encarregados de quebrar o silêncio com música. Eles são livres verdadeiramente livres. São os pássaros.
Cantam quem são, e são música. Voam para mostrar isto.
E eles cantavam. Todos juntos. Um a um.
Dos bem-te-vis aos sabiás, aos muitos outros que não teria os nomes, cantavam com exatidão
Cantavam quem Eram do pulmão para fora
do coração para fora
E amanheciam, desta forma, o dia.
Porque ainda era noite. E isto era importante.
O sol veio surgindo timidamente entre a escuridão trazendo riscos solares e dando outro tom de azul ao cenário, jazia um azul-celeste, jazia o azul profundo, jazia o azul-noite...
E quando amanheceu, sorri, respirei e bati os pés. Eu estava ali. Amanheci junto ao mundo.
Motivo de sorrir. A música que eu ouvia era exata, saía do pulmão dos pássaros. Era música.
Eles eram a música naquela manhã.
E enquanto o Sol vinha levando a madrugada embora eles cantavam todos juntos
Como numa sinfonia seguida rigorosamente todos os dias
antes do Sol aparecer
A música que fará existir um outro dia. Antes do sol ela já foi tocada
pelos pássaros...
Então eu acordei e vivi mais alguns instantes
só para chegar até aqui e te escrever estas palavras
Talvez vazias, inúteis, sinceras...
Sallut
08.09.2013
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