- E o que você sabe sobre o amor?
- Sei que sou capaz de amar. _disse com tom absoluto.
- E o que mais? Só é capaz de senti-lo?
- É assim que funciona um sentimento, não é?
- Você sente muito pouco...
- As vezes, só as vezes, gostaria de olhar o mundo com seus olhos cheios de poesia, sabe? Cada canto, cada pessoa, cada olhar, cada coisa. Observar com seus pensamentos, queria ser esse Poeta que você diz que existe.
- Não gostaria.
- Tenho curiosidade. _insistente.
- O que sinto da forma que sinto me transforma num rio de correntes tristezas..
-...e de intensas alegrias. _interrompeu.
- Quando te amei fui mais feliz do que nunca. _Garanti.
- Me lembro de um sorriso seu, de seus olhos... _se perdeu por um instante num momento de nostalgia enquanto me olhava dentro dos olhos, o silêncio a fez notar constrangimento e logo mudou de assunto. - Achei que nos conhecíamos bem.
- Nos conhecemos muito pouco, talvez se tivéssemos nos conhecido mais pudéssemos ter ficado juntos por mais tempo, mas foi um fim que levou a outros tropeços, como a vida é.
- Você sentia saudade? Sinceramente... _a olhei dentro dos olhos numa súplica de verdade tentando alcançar o que ainda restara de honestidade e confiança entre aquele nosso olhar - Nem por um momento, depois que a vida já tinha tomado um rumo diferente, depois de ter conhecido outras pessoas, houve saudade ou vontade de mandar uma pequena mensagem?
Demorou para me responder, me observou, mas o fez.
- Sentia falta das coisas que me conquistaram, é óbvio, mas acostumei a viver sem. Superei.
- E eu ainda me inspiro em você, mesmo daqui...
- Lembra aquele dia que você me presenteou com seu coração? Estávamos no seu quarto eu sentada na sua frente, você tinha acabado de tentar me levar para dentro da sua imaginação, me fez imaginar junto com você, foi nesse dia e nesse momento...
- Lembro. _a interrompi. - O que tem? Por que está lembrando disso?
Recuou como se meu tom soasse grosseiro.
- As vezes penso naquele dia, lembro daquele momento, tento lembrar do que senti quando peguei o vácuo que devia ser o seu coração na sua mão até você colocá-lo dentro de mim no lado direito do meu peito.
- E o que você sente quando pensa em tudo isso? _curioso.
- Sinto algo estranho na barriga, aquele friozinho, o mesmo que me pegou antes de tudo acontecer. Só que dessa vez ele é doído, como se tivesse aproveitado toda a parte boa de algo que estava dentro de mim e que precisava sair, e que agora restava apenas o ruim, o infeliz.
- Esse é o amor...
- É. _concluímos.
- E o que é amor, afinal? _perguntei depois de vários minutos, minha voz fez impacto nas paredes fechadas do meu pensamento, e como o sangue em contato com a água senti minha sanidade ser contaminada por inspiração de uma história que quer e precisa ser escrita.
- O amor nasce no primeiro olhar, entra no coração da gente quando o primeiro beijo abre as portas, se transforma em lágrima para superar tempestades e, quando possível, em sorrisos para calar os obstáculos. O amor se estende por meio de atos, decisões, pensares... o amor quando é provido de fé e saúde não é destrutível, nem mesmo o tempo que corrói a pele, a juventude e as vestes, pois quando a morte dá boas-vindas o amor é o seu primeiro guia.
Sallut
06.09.2012

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