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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Regue uma ideia: Paris

- E a inspiração? _perguntou com um olhar que denunciava seus pensamentos curiosos formulando outra pergunta.
- É você, ué. O que mais seria nesta noite? _a olhei como se a resposta fosse óbvia.
Ela ri envergonhada.
- Achei que eu só te daria uma ideia... _desvia o olhar.
- ...e deu! Mas acabei por me inspirar em você.
- E qual foi o resultado da sua inspiração?
- Uma história, longa e interminável por desejo de quem anseia por mais romance.
- Então é um romance? _surpreendeu-se.
- Sim, narra um garoto que se apaixona indevidamente por uma amada proibida.
Me lança um olhar fulminante, neste instante seus pensamentos permanecem um mistério empolgante. Quis continuar vivendo aquele momento.
- Por que proibida?
A olhei, e só. Mais nada. Ficou subentendido pois as palavras não deram vida ao que gostaria de falar.
- Porque ela tem um coração domado e apaixonado, um coração com dono e satisfeito, feliz.
- Hm... _desconversou, pensava em algo para mudar o rumo daquela conversa, mas permaneceu em silêncio.
Sorri. Sabia que naquele instante passava um trem carregado de pensamentos naquela cabecinha de menina apaixonada, todos em relação à mim e o que estava querendo dizer com tudo isso. Fiquei satisfeito por tê-la provocado esse efeito.
- Gostaria de ler esta história um dia? _finalmente perguntei.
Ela hesitou alguns segundos para responder, ainda insegura.
- S-sim... um dia. _Olhou-me tentando adivinhar os pensamentos. - Quando você escreveu esta história inspirava-se em mim? _ingenuamente perguntava sabendo da resposta que logo confrontaria seus receios.
- Sim, pensei em algo que precisava escrever, pensei num lugar que precisava estar, pensei em alguém que queria a companhia. Você me deu o lugar, eu encontrei as palavras... _olhei para o infinito do céu enquanto terminava a frase em minha cabeça, mas fui descoberto como uma criança que acabara de quebrar um prato na cozinha da mãe e ela me desvendou.
- ...e eu sou sua companhia? _perguntou arriscada, já temendo minha resposta.
- Não. É minha inspiração. Hoje outro alguém a tem como companhia. _a olhei e sorri, docilmente, esperando que entendesse com meu olhar o verdadeiro significado das minhas palavras.
Consegui ouvir o silêncio dentro de sua cabeça, estava confusa, com medo e assustada com o que acabara de ouvir.
- Toda vez que falo você age como se eu estivesse falando outra língua. _Disse com um tom insatisfeito.
- É o seu jeito de falar, é... _a interrompi
- Estranho?
-...diferente. _corrigiu-me. - Você fala de um jeito diferente.
- Eu falo de um jeito para que me entendam.
- Sim, mas... é diferente. _me olhou e pousou seu olhar sob o meu durante alguns segundos, sei que naquele instante seus pensamentos pecaram, ela desviu o olhar imediatamente e arrumou o cabelo.
Apenas sorri.
- Já se perguntou por que te observo tanto? Sempre me pego te olhando e me pergunto o quê em você rouba meu olhar, assim, tantas vezes. _disse curioso e com um tom sincero.
- Não... _riu outra vez envergonhada. - Queria saber também por que você me olha tanto... _bateu os olhos em mim e os desviou, rapidamente, esperava ansiosamente a resposta daquela pergunta.
- É uma pergunta simples que nenhum de nós sabe responder, então... _a olhei de novo e fixei os olhos em seu rosto, comecei a observar seus traços e finalmente cheguei em seus olhos. Castanhos. Me escapou um sorriso que contive imediatamente, mas fui notado.
Ela finge que não nota e se tranca num silêncio constrangedor. Continuei a observando.
- Pára... _olha para o lado oposto e arruma o cabelo, solta um riso sem graça e olha para mim de volta. - Por que você faz isso?
- O quê? Observar? _disse quase rindo, adorava vê-la envergonhada.
- É! Ficar me olhando tanto assim... o que você tanto olha? _estava curiosa e seu tom demonstrava um pouco de raiva, delicadeza e excesso de vergonha.
- Eu gosto de observar pessoas que chamam minha atenção. Você é uma delas.
- Eu chamo sua atenção? Deve estar ficando louco!
- Sempre fui louco, é o que as pessoas concluem quando conhecem parte de mim, mas me sinto mais lúcido do que nunca agora. _Disse sério e com firmeza.
- E o que houve com Paris? _lembrou e requisitou.
- Fica para um dia em que a história narra outro tipo de conversa, Paris é a cidade do amor não é? Você mesma disse. Quando o assunto for amor será tudo diferente, inclusive a forma como nos dirigimos um ao outro. _como se já soubesse seus pensamentos continuei. - Não se preocupe os personagens não somos nós, apenas... me deixe inspirar em você. Tem algum problema?
- Não... _disse um tanto insegura com um tom baixo e cheio de receio.
- Falta fé...
- Não, pode escrever. _entregou-me a permissão um pouco a contragosto.
- Claro que eu posso. Se você achasse ruim eu escreveria mesmo assim e enviaria o resultado por correio. _sorri. -...e você iria achar o máximo!
- Hahaha. _solta uma risada gostosa e sincera. - O que te faz ter tanta certeza?
- Simples. Você anseia por um romance tanto quanto eu. _falava sério a olhando nos olhos.
Seu sorriso desaparece.
- E como você sabe disso? _revidou o olhar e nossos olhares se cruzam fixamente.
- Vejo dentro dos seus olhos... _arrisquei.
Seu silêncio a entrega
-...mas eu sou paciente e gosto de esperar coisas que sei que valem a pena... _lancei e deixei as palavras criarem o sentido que quisessem em sua cabeça.
- O que você está esperando?
- Alguém para amar.




Sallut
14.09.2012

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