Ela queria conhecer o interior de uma imaginação. Lá no fundo me perguntei
se seria a do menino
ou a do poeta.
Risos. Não importa. Não mais.
Apenas cale a minha boca e me impeça de dizer mais besteiras.
Cale-me como quiser.
Talvez eu não precisasse de palavras um dia se pudéssemos nos encontrar para dizer todas elas.
Talvez eu precisasse gritar alguns dias para você dar atenção pro que eu digo. Talvez você sorria pros meus gritos. Sei que ninguém além de você poderia ouvi-los.Algo poderia acontecer quando nos entregamos um pro outro daquela maneira. Era um solitário à dois. Havia somente um sonho de inverno capaz de inspirar uma mente a escrever vários e vários sorrisos. A viver vários sorrisos.
Talvez os dias amanheçam um dia e eu não me lembre mais do que é pertencer sincero e total a alguém. Mas o que seria da minha mente se não lembrasse de cada vez que abria os olhos e via nosso silêncio.
Veio o Outono. Foi-se a Primavera. Novamente o Inverno, outro dia.
E foi a cor dos seus olhos daquela manhã que ficou em mim, na minha essência. No meu eu.
Não sei se foi porque eles tinham por trás raios solares, ou se as árvores pareciam combinar com o castanho do seu olhar. Ou se era o céu que refletia no lago. Sabe. Não sei. Mas foram seus olhos que me fizeram lembrar, para sempre.
Havia somente o tempo, o agora inútil, tempo. Sugando-nos momentos de vida que seriam eternos somente em nossas lembranças. Sabia enquanto acariciava os traços do seu rosto que me apaixonaria. Talvez eu mergulhe no lago que nos rodeia precipitadamente, se eu não for atencioso posso mergulhar enquanto ele estiver congelado. Então terei nada mais do que uma fratura na cabeça.
Mas, há um lago que nos rodeia e as palavras só precisam ser ditas agora. Nunca mais o serão.
Mesmo que precisemos gritar para nos ouvir. Sabendo que ninguém mais vai fazê-lo.
Porque cada manhã que acordávamos juntos havia aquele horizonte cheio de árvores nos cercando, nos abraçando e respirando ao nosso lado. Sabíamos que poderia significar algo quando o Sol esquentava nosso corpo na cama pela manhã. A certeza de que não havia pra onde ir ou o que fazer, a certeza de que ninguém estaria esperando por nossas boas notas ou nosso bom comportamento. Talvez esta certeza seja só um sonho, e este sonho só possa ser imaginado dentro dos nossos corações. Gritemos para espantar isso. Gritemos porque ninguém vai nos ouvir além de nós mesmos. Então vamos gritar tudo o que precisa ser gritado, sem medo e sem hesito.
Podíamos confiar um no outro, naquele sonho. Porque as mentiras eram mais vazias que as próprias palavras. Descobrimos, na solidão um do outro, que os pensamentos eram tudo. E que sentíamos o que pensávamos. E, neste imagine, pensávamos em amor. Em amar. Amar incondensavelmente em rumo ao infinito. Em rumo de acompanhar o tempo até que não permita-o dar-nos um fim.
Até que não precisaríamos mais usar as palavras para sentir e saber o que há um no outro. Seria o olhar, e só. Seria um abraço, e só. Seria um aperto durante a noite, e só.
Talvez, eu me atreva, até menos que isso. Não quero me impor.
Apenas... permita-me encerrar...
Sallut
31.08.2013
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