O cheiro de água salgada fazia meu olhos arderem, minha pele ressecada fazia sangrar quando coçava a picada dos mosquitos. Aquele tempo naquele rio estava me transformando, definitivamente.
Sabia que a mata poderia ser um desafio maior do que a minha imaginação dá conta, mas agora que estou aqui e não tenho como fugir irei enfrentar e alcançar o meu objetivo.
Pode parecer louco
mas nestas situações sou um viajantes surfista.
O rio é grande o suficiente para que sucuris e crocodilos me devorem a qualquer momento
mas sei que meu facão irá dar conta de degolar algum pescoço predador.
A brisa que o vento trás não é refrescante como nos campos, a pele está queimada, ressecada e cheia de brolhas
meu cabelo sujo e salgado, o corpo fedido e a barba por mais de um mês.
Realmente estou abandonado neste rio.
Um viajante surfista.
E poderia ser diferente se estivesse no mar
talvez inventaria alguma forma em que a adrenalina me desse o sabor de brincadeira.
Mas é que enquanto lentamente o dia ia acabando e as ondas cessando
o rio já não era o mesmo...
Sallut
09.03.2014
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