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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O Salão de 1925.

"O salão não era tão grande mas tinha espaço o suficiente para nos permitir a mais bela noite do frio de Agosto. Havia um piano de calda e a minha gaita diatônica, sem dúvida em si. Você, sentada no piano com aquele vestino cumprido, a boneca pinup de cabelos negros que deveria estar ali. O piano, tão docilmente cantava o romance que ardia somente em nossos corações. Da nota mais baixa a mais alta. Seus olhos me olhavam com a certeza de que queriam morar em mim. Então a música nos conduziu a todos os cantos do pequeno salão suficiente. Seu corpo girava enquanto suas mãos confiantes e tranquilas repousavam sobre as minhas, que te fazia suar por dentro por não imaginar onde iríamos parar.
Talvez o gosto dos seus lábios desse a reposta pra pegunta de alguma dessas mentes.
Mas me sentia mais inspirado a cada rodopio que você dava pelo salão, pois tinha cada vez mais certeza de que sua mão estaria colada à minha confiante, sem hesitar uma única vez de querer estar ali.
Não tínhamos uma rosa, não tínhamos o Whisky nem o charuto Cubano. Tínhamos apenas nossos corpos alinhados numa frequência que curiosamente se desejava de uma forma arrepiadora e perigosa.

Até que o cenário quis nos levar ao mais tranquilo, ao mais dócil, ao mais romântico. Toda a chama apagou como se o frio de Agosto houvesse castigado. Movimentos curtos e intensos, seus pés e pernas colados ao meu corpo seguiam-me por onde quer que fosse. Seu olhar fixo encarava meu eu perguntando-se de onde viera tamanho desejo. Enquanto eu recuava você seguia colada em mim. Enquanto tentava recuar a perseguia com sua cintura nas mãos sob meu domínio. E era este o jogo. O Domínio e a Confiança.


O romance da dança era só ilustrativo e sabíamos disso. Por isso o piano e tudo o mais.
Mas quem poderia entender se numa noite fria como essa tudo o que há são passos curtos e intensos num salão?
Talvez se voltássemos à nossa época de ouro onde os músicos respiravam nosso ar,
onde os artistas andavam em nossas ruas,
Óh, época de ouro, que toda geração quer reviver novamentem
os fulgores e esplendores jamais desaparecerão da história.

Mas não obstante, meu bem.
Sua perna é capaz de subir e apoiar em meu ombro, encara-me com o corpo colado no meu, olhando-me fixamente nos olhos. É quando as coisas acontecem..."





Sallut
07.04.2014

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