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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Tomorrow Comes Today.

Tudo bem, vamos lá...
Pude ver um campo simplesmente enorme, havia uma trilha do lado esquerdo que contornava todo aquele maravilhoso pomar frutífero de rosas e plantas, árvores, folhas, insetos... joaninhas com asas vermelhas e pintas brancas que podiam ser vistas claramente, eu enxergava. Por um momento achei estar dentro daquele campo observando atentamente de perto cada inseto a cada detalhe, mas estava na trilha e novamente olhava para meus pés calçados de botas que estavam sujas de barro. Botas aparentemente resistentes, podia ver proteções nos tornozelos de ferro. Olho ao meu redor, havia algumas árvores, não enxergava prédios nem casas, nem pessoas, era um lugar onde só havia o natural erguido da vida. E eu estava lá.
Dei meu primeiro passo e me senti diferente, como se o solo do lugar tivesse tomado parte da química que compõe o meu corpo. Me senti parte daquele campo, e então caminhei a passos largos e confiantes. Observava o lugar com esplendor a cada olhar, não conseguia nem sequer ouvir meus pensamentos, somente meu olhar dominado pela curiosidade e ansiedade. Não precisava de outra pessoa para saber que meus olhos brilhavam.
Caminhei até chegar a um lago. Era um lago grande um tanto profundo rodeado de árvores, assim que observei a paisagem ganhei a presença de uma moça sentada na beira da água do outro lado, escondida nas sombras de uma mangueira simplesmente única. Havia mangas penduradas a galhos finos que sustentavam enormes frutos com leveza facilidade. E ela sentada ali observava a água como pensativa, naquele instante me desafiei a adivinhar seus pensamentos, sorri. Me aproximei do lago e ela nota minha presença, me observa durante alguns instantes atônita. Sentei numas das raízes grossas que saltavam da Terra de uma enorme Laranjeira e a observei. Naquele momento fixamos nossos olhares e ficamos nos olhando até que ela se dispõe a caminhar pela beira do lago espreitando às folhas secas que ouvia mesmo de longe. Em poucos segundos a perco de vista, mas ainda ouvia seus passos guiando-a por um mar de verde vivo brotado da Terra. Seus passos a entregam e a noto surgindo de uma possível trilha atrás de mim, segurando o vestido branco que usava com a mão esquerda para que não se arrastasse no chão. Surgiu com um olhar curioso disposta a conseguir qualquer coisa.
- Olá... _me fitou da  cabeça aos pés e depois me olhou séria nos olhos.
- Olá. _receoso.
- O que faz aqui?
- Descobri um lugar para sentar e pensar em paz num lugar que me agrada o espírito.
- Esse jeito de falar... _me olhou desconfiada e calou-se.
- O que? Estranho?
- Não... _deixou a completar.
Olhei para o lago e fiquei pensando no que poderia ser este pensamento, sabia que estava-o escrevendo e naquele momento, neste momento, posso saber quem sou eu.
- É diferente. _disse e sua voz me despertou de um devaneio enquanto pensava.
- Já ouvi isso antes.
- Você parece jovem, quantos anos tem? _disse como se já fosse moça com idade o suficiente para me ver como garoto.
- Não importa, acho melhor que você me conheça pelo caráter além de tudo.
Nossos olhares se cruzaram e não pude pensar em nada enquanto a olhava. Apenas sentia algo dentro de mim se rachando e ficando muito quente. Não souber interpretar direito, sequer expressar.
Sentou-me do meu lado e compartilhou o silêncio comigo.
No mesmo momento pensei que nunca havia feito isso com ninguém, compartilhar o silêncio. Os pensamentos mesmo que calados, ocultos. Saber que apenas pensamentos silenciosos e nos contentar com isto, com a presença. E só.
- Me chamo Sallut... _disse depois de longos minutos calado.
- Sou Cristina, você se lembra?
- Sim, eu li. Me lembro perfeitamente.
- Então você é Sallut... _disse contemplando o fato que aparentemente a comovia.
- Sim, sou eu. Você por acaso sabe de algo sobre mim que eu não saiba?
- Talvez eu tenha ouvido falar... _disse pouco como se não pudesse revelar muito.
- Sei... _olhei novamente ao lago...
Sei que estou num sonho, um Imagine, sei que posso fazê-lo e que preciso. Pois posso escrever e isso é ótimo, me ressuscita,  me trás vida, me rega o espírito de uma forma que as palavras simplesmente não podem explicar. E eu digo isso de olhos fechados, juro, escrever...
- Acho que preciso despertar, este está ficando longo e geralmente não me atrevo... _me interrompeu.
- Deveria continuar, está se conhecendo de uma forma que nunca o fez. Isso é diferente. Isso é você.
- Isso é Sallut?
Sorriu.
- Isso é Sallut!
Seu sorriso me iluminou como se me resgatasse de uma longa tortura ao léo. O seu sorriso.
Também sorri, não pude nem sequer pensar em evitar.
- Cristina... _contemplei.
- Esta sou eu. _sorriu novamente e riu. - Você pode vir quando precisar de paz, este é o melhor lugar sabia? Eu nunca visitei outro que mereça comparação. _disse com tanta confiança e felicidade que sua voz fez efeito em mim como se uma canção inspirasse este texto.
- Virei... _não conseguia ter muitas reações, apenas admirava. Seu sorriso era lindo, seus olhos tinham cor do castanho negro que tinha sob a luz do Sol um tom claro cheio de vida que revelava sua alma.
- Foi ótimo conhecê-lo... Sallut... _riu como se meu nome fosse uma ficha à cair em sua mente. - É o primeiro que encontro aqui. Isso é... diferente... _foi se afastando enquanto sorria.
Seus passos desfilavam sob as folhas secas seguindo num caminho obscuro como se a mata fosse sua casa, seu lar, seu quintal. E seu vestido branco como uma nuvem parecia nunca esbarrar em lugar algum, sua leveza e simplicidade nos movimentos a fazia flutuar naquela floresta.
Fiquei ali sentado por mais vários minutos pensando, observando. Eu não sei. Fiquei ali só eu e o silêncio, o verdadeiro solitário. Até no sonho havia um momento dedicado ao sozinho e eu estava lá.
Fiquei por alguns minutos e então me levantei, respirei fundo e segui caminhando por um caminho que não sei onde me levaria, dei alguns passos e um clarão me trouxe de volta ao mundo dos homens, ao mundo do caos. Ao mundo cinza em que prédios ofuscam a Luz do Sol e o planar das nuvens. Mundo onde produz-se lixo para obter-se vida destruída em forma de papel que determina um valor inútil, ai que mundo pequeno... cá estou, não sei quem sou novamente.
Mas continuo escrevendo e pensando, não é estranho? Risos. Deve ser...
mas se você não entende as palavras do Poeta que dirá seus longos pensamentos?




Sallut
11.10.2012

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