Pesquisa !

quarta-feira, 27 de abril de 2011

O meu fim desejado.

...eu não entendi e simplesmente observei ela indo embora com passos curtos e lentos, tendo a certeza na mente de que se arrependeria assim que atravessasse o portal da minha porta. Ela sabia disso e permitiu que escapasse uma última lágrima.
Falei dessa "última lágrima" tantas vezes com ela que, finalmente, aconteceu. Ela foi embora.
Então quando eu olhei para os lados e vi tudo fechado, tudo desligado, senti falta de ar. Caí da cama tentando respirar derrubando o copo e os comprimidos de dor de cabeça que ela tomava, puxei a coberta junto comigo desmanchando o laço de vermelho de lembrança que era aquela cena. Quando caí no chão eu vi debaixo da minha cama a minha caixa onde eu guardava minha pistola, por segurança, claro. Fiquei observando a caixa durante horas, olhei para ela fixamente. Observei cada detalhe, sua tampa e suas laterais, não imaginava pelo que eu esperava para puxá-la e fazer o que eu queria fazer, não sei. Então levantei-me e caminhei lentamente até o banheiro, olhei no espelho e vi o meu rosto mutilado, vi marcas de arranhões escorrendo por meus olhos como se lágrimas de sangue tivessem rolado por ali. Não, impossível, eu não teria...
Então abri a gaveta da pia e encontrei remédios, vários deles. Fiquei alguns minutos paralisado com a mão na fechadura olhando para aquele monte de medicamento, não pensava em nada, apenas olhava.
Então dei um passo para trás e escorreguei minhas costas pelas paredes geladas do banheiro, apoiei minha cabeça nos meus braços e comecei a chorar. Chorei sem parar durante muito tempo, choro com soluços que me denunciavam.
Então, num ato impensado e odiado eu levantei com raiva e fui até a gaveta. Peguei tudo quanto era comprimido e enfiei na boca, mastiguei tudo e abri a torneira, bebi dois ou três goles d'agua e depois andei até o quarto mais calmo, sentei-me na cama e balbuciei as palavras mais nobres que eu me recordo:

- Não sei se te dei a felicidade que você merecia, não sei se fui tudo o que você merecia. Mas se não fui, com certeza outro alguém será, disso tenho certeza. Minhas últimas palavras ninguém ouvirá, ninguém chorará por ter ouvido elas e ninguém ao menos saberá que elas foram ditas, apenas saberão que eu fui um tolo por ter permitido a sua partida, fui um tolo por desistir assim que vi sua sombra ir embora das minha casa. Me desculpe, amor, não fui forte eu sei. Mas também sei que o cristal que eu deixei dentro do seu coração se fragmentará e daqui exatamente um ano, você se lembrará de mim. _respirava com dificuldade. - Não se lembre de mim como um velho amor, não se lembre de mim como o seu "passado", se tenho esse direito, recorde-se de mim como seu fã. Simplesmente um admirador seu, pois foi o único que tive a chance de tê-la só para mim, e também fui o único capaz de desperdiça-la. _seus olhos pesavam, envenenado pelo ódio balbuciava as palavras cada vez mais baixo. - Eu queria saber se você está me ouvindo, se pode me ouvir aí aonde está seja lá aonde for. _sua cabeça foi perdendo força e cedendo para o lado direito. - Me desculpe se te amei obcecadamente, me desculpe se falhei na arte de fazê-la feliz, me desculpa por ter entrado acidentalmente na página que você adotou como "passado". Com ou sem o seu perdão, partirei. Sem saber para onde eu vou caminharei, seja no escuro, seja num caminho infinito. A esperança do meu pensamento será sempre te encontrar em qualquer lugar, para te abraçar forte e sussurrar no seu ouvido que independente de tudo, foi eu e mais ninguém que nasci pra te amar.




Sallut
27.04.2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário