O que um louco como eu pediria ao mundo? O que um louco insano como eu, viveria tão bem quanto esses galantes poderosos e influentes. Mas eu sei que todos eles já foram miseráveis, e a maioria ainda é. Éramos todos iguais naquela época, se eu me lembro bem. Nos reuníamos na praia tocando o lual, sentados perto do fogo. Ouvindo um de nós cantar, e louco era chamado aquele que fazia para nós a melhor noite.
Nos fazendo imaginar coisas incríveis, fantasiar. Nos ensinou a arte da vida, a vida era uma viagem e a estrada nós seguíamos. Com um violão nas costas, bermuda jeans e uma camiseta simples. Junto da sandália gasta, seguíamos para o Norte... cantando, animando cidades para sobreviver. E nesse tempo viramos amigos, próximos. Dividimos dificuldades e dormimos na mesma cama várias vezes, passamos muito aborrecimento juntos e, hoje, eu me encontro perdido.
Eu gostaria de me encontrar naquela mesma estradinha, com caminhões passando rápido à noite. Céu lotado de estrelas e eu com o meu violão, cantando prosas poéticas para o Deserto vazio e solitário. Onde ninguém pôde me ouvir, me criticar. Me desvendar...
Eu soube que eu estava oprimido numa coisa pequena e fútil, que o mundo era muito maior que aquilo, me fazendo acreditar numa mentira dessas. Eu jamais perdoaria uma injustiça dessas... jamais.
Louco...
Louco...
Se sou Louco vivo a vida Louco, que por insanidade segui até aqui, e por insanidade continuarei a seguir.
E pensando, eu descobri como salvá-los, como tirá-los dessa alienação, libertar suas mentes e talvez até amplia-las...
Eu só queria poder tocar a minha filha no mundo de hoje, sem ter que correr o risco de tomar um tiro. Nos fazem brigar por esse tal "Dinheiro" e nem mesmo nos provam o seu valor, seu objetivo. E eu já nem sei no que acreditar quando mais uma coisa me faz bem.
Novamente, me encontro naquela estrada sozinho com o meu violão gasto, e me pergunto todas as noites se eu poderia parar para descansar um pouco. Quem sabe até mesmo dormir, ou comer algo. E num suspiro leve todos esses pensamentos foram embora, vi vindo de lá do outro lado aquele gigante, dono de todas as terras... o sol.
Poderoso simplesmente assumiu o lugar e, como sempre, nos libertou da escuridão que era ser ignorante.
Aquele que se surpreende com algo, como muitas coisas, não sabe e não percebe o mundo a sua volta.
Sallut
05.04.1011
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