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segunda-feira, 21 de março de 2011

Andarilho negro.

...e procurando um canto escuro no mundo eu encontrei você, com esse brilho lindo e esse rastro de perfeição. Continuei caminhando em busca do meu canto escuro mesmo sendo iluminado por onde quer que eu vá por você e por sua imagem nos meus pensamentos.
Um discreto sorriso surgia sempre que eu te imaginava indo embora, me deixava feliz pensar naquilo. Seria um pesadelo realizado, estranho. Eu odiava viver pesadelos mas adorava sofrer, era uma coisa minha, sofrer. Mas adotei um novo conceito de sofrimento depois que conheci você pois, das dores comuns do mundo eu conseguia me livrar. As cicatrizes que a minha caminhada até aqui ganhou não me pareciam importantes e não me faziam triste, pelo o contrário eu ficava feliz e incentivado.
Depois de continuar caminhando durante muito tempo com você na mente eu descobri o que é sofrer, descobri o que é amar. Mas eu tinha desejado você longe de mim e eu não podia reverter aquela situação, não era uma das minhas opções. Fui lançado a viver assim.
Finalmente, encontrei o meu canto escuro... ele era frio, úmido, estreito e cheirava muito mal. Não pude correr dele, fiquei aprisionado. Congelei, simplesmente congelei sentado naquela jaula que tornou-se o meu pior pesadelo.
Ri durante algum tempo imaginando que há semanas eu adorava pesadelos e agora, estou preso em um. Deveria ser o paraíso, mas não. Um pesadelo para mim é uma coisa diferente de um pesadelo para o coração, o meu nunca esteve sequer num sonho e ele sofreu, com ele sofrendo também sofri. Foi imediato.
Foi quando uma luz bem pequena surgiu lá no alto e eu vi onde eu estava, era uma torre. Uma torre feita de tijolos e lá no alto havia uma bandeira que balançava com o levar do vento. Havia uma cela e nela estava um túnel que entrava para dentro do chão levando a um caminho que eu desconhecia... a luz invadiu totalmente aquela torre e foi quebrando cada laço formado pelo mofo da escuridão.
Desloquei minha mão até a grade e a toquei, me senti quente e confortável. Mas aí eu ouvi alguém gritando lá fora o nome de alguma mulher, não entendi direito. Era uma voz rouca e derrotada, vi a luz lá no alto indo embora e tudo ficando escuro novamente, cada vez mais escuro. Então me sentei no chão e adormeci.
E foi depois de algum longo tempo que eu acordei sem você nos pensamentos, foi depois de um longo tempo que me senti bem para caminhar novamente. Percebi que meu coração estava apenas descansando.
Toda aquela torre quebrou-se como se um enorme relâmpago caísse sobre ela destruindo cada tijolo, um por vez. Fiquei livre e meu coração bateu forte quando vi aquela imagem de novo, era ela com um lindo vestido rosa parada do lado de fora. Atrás dela havia um moço que vinha correndo desesperado mas parou repentinamente, não sei porque.
Sentei-me novamente e comecei a construir a torre para mais uma vez me aprisionar e descansar o corpo, me livrar das conseqüências que trouxera machucar o coração... sentei-me no chão procurando tijolos escuros para que a minha alma fria possa se aquecer.




Sallut
21.03.2011

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