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segunda-feira, 28 de março de 2011

Silêncio absoluto.

Essas aqui são só lágrimas que não escorreram, são só lágrimas que ninguém pode enxugar. São coisas mínimas que me machucaram um dia, são coisas pequenas que me fazem sofrer até hoje, são só besteiras. Mas eu não consigo dormir as vezes pensando nisso, abrindo minha mente para o dia de amanhã. Abrindo meus sentimentos para coisas novas, coisas boas. Mas aí eu me esqueço que você vive no mesmo mundo que eu e que pode estar  em qualquer lugar vivendo, sorrindo, chorando... amando.
O silêncio que as lágrimas deixam me congelam e aos poucos eu vou me transformando em dor, pura dor. Um final de história completaria esse momento com ansiedade e um pouco de criatividade para eu manter o meu ego inteiro. Impossível... um riso meu quebra esse silêncio quando eu debocho dessa dor horrível. Uma gargalhada profunda e irônica de tudo que é ruim, algo que faz eco na minha mente. Eco.
Eu quero me lembrar, eu quero. Mas não consigo. Eu simplesmente não consigo.
Essas lágrimas não fogem de mim e não se distanciam, elas simplesmente ficam aqui guardadas, quietas. Elas não secam e não caem, elas permanecem lá. Me alertando...
Me alertando que o meu mundo está nelas, dentro delas. Eu tento me refugiar de tudo aquilo e corro para o canto mais escuro do meu quarto, é típico. Lá, encontro gelo e solidão. Como um lobo, eu fico sozinho, e caminho toda a minha vida atrás de salvação e esperança, aí a vida decidiu me tirar as pernas. O meu meio de caminhar...
Tudo bem, fiquei quieto e não reclamei. Não chorei mais por medo, não entrei em desespero, eu só apenas fiquei quieto. No silêncio absoluto.
Esse mesmo silêncio fora rompido dessa vez por lágrimas novas, foi quando aquela maldita lembrança do seu lindo sorriso me veio na mente, a cena.

Nós estávamos aqui perto de casa, e eu te abraçava. Eu sabia que era só um sonho e que eu estava acordado na realidade, mas eu adorei viver aquele momento na minha cabeça. Pude curtir cada segundo do seu sorriso que em câmera lenta ia indo embora e a sua face ficava triste, cada vez mais triste. O meu corpo fica totalmente dormente e quando eu consigo voltar para frente de casa em pé você já não estava mais lá, não estava em nenhum lugar.


...eu criei todo esse lugar pra você, por você. Por nós...
Criei o tempo e o espaço, eu criei tudo. Eu criei amor dentro desse meu desespero e dor, eu criei o sorriso e também a lágrima de tristeza. Eu criei o abraço e o refúgio, eu criei o carinho. Criei o desapego e criei o remorso, criei a solidão e a morte. Me orgulhei de ter feito tanta coisa linda só por nós dois, me orgulhei quando levantei da cama e lembrei daquele sonho lindo e de todo o lugar que eu construi pra nós vivermos felizes, talvez com nossos filhos. Mas pus meus pés no chão e todo o meu corpo tremeu em dor.
Eu também criei a lembrança...
E assim que eu pus os meus pés no chão eu me lembrei de que tudo era uma mentira, não passava de um sonho, uma ilusão. Assim que encostei o meu pé no chão eu caminhei como se sobre o fogo e senti cada pedaço de mim queimando, sendo destruído. Dessa minha terrível aventura sobrou apenas uma parte do meu corpo.
E por incrível que pareça eu vivo sem braços, sem pernas, sem nada... apenas com a parte que me faz lembrar de você.




Sallut
28.03.2011

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